Conheça um dos principais mecanismo para as pessoas, empresas e governos praticarem a compensação de carbono que emitem
Este texto foi escrito por Gabriela Ribas e Fernando Paraíso, da Iniciativa Verde
Muito se fala sobre os perigos que a humanidade como um todo irá enfrentar com os efeitos da crise climática. Enchentes mais intensas, secas prolongadas, verões mais quentes e invernos congelantes são algumas das consequências imediatas que já podemos sentir.
A causa para tais catástrofes locais é um problema global e histórico: a emissão crescente e sistemática de gases de efeito estufa (GEE) por atividades antrópicas desde a revolução industrial. Estes gases intensificam o efeito estufa de nossa atmosfera, um fenômeno natural que garante a existência de vida no planeta. O efeito estufa acentuado desequilibra ciclos naturais, colocando em risco agora não mais apenas nosso futuro, mas já o nosso presente.
Um dos caminhos para amenizar ou no caso mitigar este problema é, por exemplo, compensar emissões de gases estufa por meio da restauração de florestas.
Árvores, assim como a maioria dos seres vivos, são compostos principalmente por carbono – elemento químico presente nas moléculas de CO2 (dióxido de carbono) e CH4 (metano). Estas são algumas das maiores responsáveis pelo aumento da temperatura média do planeta.
Portanto, ao longo do crescimento das florestas, plantas naturalmente vão acumulando carbono que capturam (ou sequestram) da atmosfera, compensando emissões de gases do aquecimento global.
Na prática, empresas, governos e até pessoas físicas, podem calcular a emissão de carbono de seus produtos e atividades, fornecendo os dados necessários – como por exemplo transporte, energia elétrica e materiais de consumo. No cálculo, todos os GEE são convertidos para CO2 equivalente (CO2e), que é uma medida internacional usada para facilitar a análise. Com a quantidade de CO2 e é possível determinar a área a ser restaurada.
Desta maneira, o impacto ambiental causado pode ser mitigado por meio do reflorestamento, recuperando áreas que irão sequestrar carbono da atmosfera, num valor proporcional ao que foi emitido.
Carbon Free
Um dos exemplos de iniciativas que fazem a compensação de carbono é o Programa Carbon Free, da Iniciativa Verde, organização que desde 2005 atua na restauração da Mata Atlântica e outros biomas brasileiros para ajudar a mitigar a crise climática. No Programa Carbon Free, qualquer instituição pode realizar a compensação ambiental através da restauração.
Atualmente, os projetos de restauração de compensação da Iniciativa Verde estão sendo implantados na região da Serra da Mantiqueira, no âmbito do Plano Conservador da Mantiqueira. O Plano é uma iniciativa coletiva que reúne esfera pública, organizações não governamentais, empresas e, além disso, instituições de ensino com objetivo de trazer recursos para restauração e promover a capacitação dos agentes envolvidos.
Esta região foi estrategicamente pensada, pois seu bioma abrange cerca de 1,1 milhão de km², percorrendo 17 estados, e se estende por grande parte do território e costa brasileira. A Mata Atlântica é responsável por concentrar uma das maiores densidades urbanas do planeta, devido as ocupações e atividades humanas na região. O bioma é responsável por fornecer serviços essenciais como o abastecimento hídrico e serviços ecossistêmicos para cerca de 145 milhões de habitantes. Restam hoje cerca de 29% da cobertura vegetal original.
Trata-se de um ecossistema diverso e muito rico, de extrema importância econômica e ecológica. Possui diferente formações vegetais – Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista; Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta Estacional Semidecídual; Floresta Estacional Decidual – e ecossistemas associados como manguezais, vegetações de restingas e encraves florestais do Nordeste. Toda esta riqueza natural ajuda na regulação do clima, proteção do solo, e proteção das bacias hidrográficas brasileiras, sendo que 7 das maiores se encontram no bioma.
Garantir a preservação desta vegetação, portanto, é garantir a proteção de rios e nascentes, fauna e flora e o equilíbrio do clima. Toda essa combinação permite o abastecimento de água para a população e controle do microclima para uma das regiões mais adensadas do hemisfério sul.
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