“Sem estimular o avanço tecnológico – que começa com o incentivo da Indústria de componentes e sua inserção numa nova cadeia ocidental, continental ou preferencialmente nacional/regional – iremos a lugar algum. Não significa desestimular a economia do Centro-Oeste, pelo contrário, devemos criar alternativas coerentes com a indústria da Amazônia, instalada, capacitado e disposta a inovar e reinventar seu perfil”.
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-up
“Faz escuro mas eu canto”, dizia Thiago de Mello, para reativar sempre a mensagem poética da resistência e da persistência a partir da Amazônia. Neste caso, a mensagem encarna e se ilustra com a iniciativa da Abraciclo – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – que promoveu neste 23 de agosto o 1º. Encontro Empresarial Abraciclo da Indústria de Bicicletas. Ao juntar pessoas e compartilhar expectativas e informações, a entidade convidou os habituais e novos fornecedores de peças e componentes e as fabricantes de bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus – PIM.
Com qual propósito? Reunir os atores dos diversos elos da cadeia de produção de bicicletas e promover oportunidades de negócios para reforçar o abastecimento de bicicletas ao mercado. Numa palavra: pautar a cadeia regional de suprimentos e oportunidades.
Adensamento do Polo Industrial de Manaus
Segundo Paulo Takeuchi, idealizador do evento, “… a pandemia da Covid-19, seguida pelo conflito na Ucrânia, fizeram com que o mundo globalizado precisasse rever suas estratégias de abastecimento e logística nos mais variados segmentos. Por isso nós, como associação que representa o setor de bicicletas, estamos promovendo esse encontro que não só aproxima as empresas, mas também incentiva a nacionalização de produtos, estimulando a produção local e a consequente criação de empregos”.
Logística de transportes
O alerta da Abraciclo, além de oportuno, é emergencial. O Brasil já ensaiou seu salto tecnológico na direção de novas cadeias globais de valor, mas recuou por força de generosas reservas conquistadas pelos produtos agrícolas e minerais. Commodities evoluem mas dependem de alguns fatores que podem depreciar seu valor como nossa falta de investimentos em logística de transportes. Já chegamos a sonhar com o centro mundial de inovação tecnológica e distribuição de novos produtos no Brasil, como era o projeto de uma megaempresa chamada Volkswagen. Por que parou?
Teimosia empreendedora
Sem estimular o avanço tecnológico – que começa com o incentivo da Indústria de componentes e sua inserção numa nova cadeia ocidental, continental ou preferencialmente nacional/regional – iremos a lugar algum. Não significa desestimular a economia do Centro-Oeste, pelo contrário, devemos criar alternativas complementares coerentes com a indústria da Amazônia, instalada, capacitado e disposta a inovar e reinventar seu perfil. O Smartphone inibiu diversos segmentos industriais, o que sugere correr conta o temp. E já teríamos esvaziado o Polo Industrial de Manaus não fosse a teimosia empreendedora das empresas e das entidades que as representam, trazendo até aqui este bastão fabril de tantos benefícios.
Segurança jurídica
O poder público representa um ator fundamental nesta jornada na medida em que se alinha com as tendências globais e potencialidades locais para avançar na diversificação, adensamento e regionalização produtiva e criativa. Uma jornada, as vezes turbulenta, sempre no modo ZFM de empreender, economicamente viável, politicamente correto, socialmente justo e ambientalmente sustentável, como descreve Samuel Benchimol, nosso maior amazonólogo. Sem esquecer do legalmente protegidos, para sublinhar a importância da segurança jurídica.
Academia criativa e construtiva
O evento mobilizou mais de 100 profissionais de dezenas de empresas, representantes do governo federal e de entidades da Zona Franca de Manaus, como da SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus, da SEDECTI – Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado do Amazonas e da FIEAM/CIEAM – Federação e Centro das Indústrias do Estado do Amazonas. Temos, ainda, a Universidade do Estado do Amazonas, financiada integralmente pela indústria, que deverá integrar-se a este mutirão criativo e construtivo para dinamizar o setor de Duas Rodas.
A hora é agora
De acordo com a Abraciclo, os fabricantes de bicicletas instalados no PIM atualmente trabalham com fornecedores estrangeiros para diversos componentes como, por exemplo, quadros, sistemas de câmbio, freios, suspensão, direção, selim e pneumáticos. Alguns desses componentes chegam a ter 100% de seu volume importado.
“O desafio é fomentar a industrialização deste segmento no Brasil, estimulando e promovendo a nacionalização de peças e componentes para aumentar a competitividade dos nossos produtos, não só no mercado local como também para atingirmos maior capacidade de exportação”, diz Paulo Takeuchi.
Sobre a ABRACICLO e o Setor de Duas Rodas
Com mais de 45 anos de história e contando com 14 associadas, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – ABRACICLO representa os fabricantes de veículos de duas rodas no país, tendo como principal missão o desenvolvimento e fomento do setor por meio de ações baseadas em três pilares: Política Industrial, Segurança Viária e Técnico.
A fabricação nacional de motocicletas, quase totalmente concentrada no Polo Industrial de Manaus (PIM), está entre as sete maiores do mundo. No segmento de bicicletas, com as principais fábricas também instaladas no PIM, o Brasil se encontra na quarta posição entre os principais produtores mundiais. No total, as fabricantes do Setor de Duas Rodas geram cerca de 14 mil empregos diretos em Manaus/AM.
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