A indústria petroleira está promovendo o hidrogênio de “baixo carbono” – apelidado de “hidrogênio azul” – derivado do metano e potencialmente mais sujo do que o uso de gás fóssil para energia, disseram cientistas e analistas ouvidos pelo Climate Home News.
Ao contrário do hidrogênio verde, produzido exclusivamente por energia renovável, seu némesis é fóssil e emite CO2 durante todo processo de produção. Segundo os especialistas, foi a decisão da Comissão Europeia de classificar o gás fóssil como um combustível de transição em sua lista de investimentos verdes que deixou a porta aberta para poluentes piores, como o “hidrogênio azul”, que utiliza credenciais climáticas falsas.
Uma delas é a de que, apesar de ser derivado de uma fonte fóssil, a produção do tal “hidrogênio de baixo carbono” utiliza tecnologias de captura e armazenamento, ou reutilização das emissões de CO2. Convenientemente, ninguém sabe desses projetos de captura ou mesmo de uma tecnologia reconhecida para este fim.
A Agência Internacional de Energia informou que existem ao menos 50 projetos de hidrogênio azul em desenvolvimento em todo o mundo, e a capacidade está prevista para aumentar mais de dez vezes até 2030. A Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo e com enorme potencial solar, está puxando a fila, acendendo uma vela para o hidrogênio limpo e uma para o sujo. Segundo o FT, esta é a principal estratégia do país para diversificar sua produção de combustíveis fósseis.
E por falar em estratégia, a Bloomberg conta da decepção dos investidores após os sauditas terem transferido ações da Aramco para o seu fundo soberano no valor de US$ 80 bi às vésperas da estreia de seus títulos verdes. O movimento fez com que a petroleira tenha agora maior participação por valor (14%) no fundo. Poucos dias antes, agências de avaliação de risco elogiavam o fundo saudita por sua limitada exposição ao “setor de energia e recursos” ou a “riscos ambientais e sociais”.
Fonte: ClimaInfo
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