Mais de 50 anos depois, Manaus conta com mais de 2,4 milhões de habitantes que demandam toneladas de bens e alimentos de fora do estado e uma frota de mais de 700 mil veículos, além da frota flutuante de milhares de veículos de carga de fora do estado que agora atendem um parque industrial de R$ 100 bilhões por ano.
Juarez Baldoino da Costa
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O Amazonas precisa de uma estrada completa. O vão de 10 Km de rio no seu início em Manaus para alcançar o Careiro, passando pelo Encontro das Águas, deveria ser completado com uma ponte. Inaugurar a estrada sem este acesso não é a solução ideal; o projeto deveria ser adequado.
Na época da confecção do projeto da estrada na década de 60, Manaus tinha uma população de cerca de 280 mil habitantes, e ainda um parque industrial incipiente que floresceria com a implantação da ZFM, e o fluxo de veículos projetado de então talvez fosse compatível com o uso de balsas, sempre precário.
Mais de 50 anos depois, Manaus conta com mais de 2,4 milhões de habitantes que demandam toneladas de bens e alimentos de fora do estado e uma frota de mais de 700 mil veículos, além da frota flutuante de milhares de veículos de carga de fora do estado que agora atendem um parque industrial de R$100 bilhões por ano.
Como a inauguração da estrada está prevista para a partir de 2024, segundo o Ministério da Infraestrutura, haveria tempo suficiente para corrigir o projeto e executar a obra. A falta de divulgação desta situação vai prejudicar o Amazonas, retardando as discussões necessárias para a solução esperada há décadas.
Esta ponte poderia ser sobre o eixo central do Encontro das Águas ou rio mais abaixo pelo Lago do Aleixo em Manaus, para alcançar a ilha do Careiro da Várzea na margem direita do Rio Amazonas e lá construir outra ponte sobre o canal atrás do Lago do Rei, e atingir a BR-319 em terra firme. Outra opção seria otimizar o trajeto Manaus-Manacapuru, e lá construir uma ponte sobre o Solimões em frente a Manaquiri, ligando este município com a BR, sendo que este trecho já conta com uma estrada estadual.
Entretanto, não há notícia que exista projeto nem ajuste de projeto para esta necessária ligação, e a perspectiva que se tem é que para completar a ligação Manaus – Porto Velho precisaremos nos contentar com o sistema de balsas.
Esta sistemática de balsas pode ser um gargalo operacional, e o investimento necessário para disponibilizar esta infraestrutura e comparar com o custo de uma ponte precisa ser conhecido, mas não somente daqui a 3 anos, e ainda levar mais outros tantos anos até sua viabilização.
Os trâmites burocráticos já deveriam estar em andamento, e a omissão do assunto não é saudável ao Amazonas.
A balsa construída em Manaus e batizada de Canoa do BiBi-18 do Amapá, a maior do Brasil, que opera na linha Santana/Belém, pode transportar até 80 carretas com o total de 6.000 toneladas de carga; com o empurrador, o investimento total foi de R$ 18 milhões. A operação exigirá ainda gastos com pessoal, combustíveis e manutenção.
O DNIT talvez já tenha o cálculo de quantas balsas deste tipo ou equivalentes devem estar disponíveis para atender a demanda prevista em 2024, como também a previsão orçamentária necessária.
A estrada tem tido viés político também, e pela via política deveria ser conduzido e equacionado o tema dos 10 Km faltantes.
Incompreensível o silêncio.
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