Merece reflexão o mote do Museu da Amazônia, Musa, criado em 2009, numa área de 100 hectares, de terra firme, dentro da Reserva Adolpho Ducke, do Instituto Nacional da Pesquisa da Amazônia: ‘viver juntos’. O mote do Musa alumia a necessidade de definição de novas trilhas, para refazer planos e caminhadas, sem alardes e sem delongas, em busca de um novo tempo. Trata-se de um alerta à luz das dificuldades que a economia e, de resto, tudo aquilo que daí decorre, impõe ao Amazonas, à Amazônia e ao Brasil de nossos dias. Neste mote está o convite para buscar novo fio de uma meada turva de desencontros de energia e distrações fatais no trato do modelo ZFM, cujos embaraços é preciso revisitar, conhecer e equacionar, ao mesmo tempo que nos compete a todos desencadear a busca de novas saídas para esta região. Viver juntos, para a equipe que pensou a criação do Musa, à frente o físico Ennio Candotti e o economista Denis Minev, está e estará sempre presente o imperativo de entendimento entre humanos e, destes, com a vida dos não humanos que aqui vivem, para a formulação de um projeto de educação e solidariedade empenhado em promover o convívio dos cidadãos na diversidade cultural, biológica, social e política da biota amazônica. “Que segredos escondem as águas do rio Negro? Que constelações as diversas etnias indígenas amazônicas identificam no céu? Como um mosquito vê a floresta ao seu redor? Seria possível “enxergar” o ar que se move entre a copa das árvores? A complexidade e a rica diversidade social e biológica da Amazônia suscitam uma série de perguntas. Para algumas, as respostas já existem. Para outras, elas ainda precisam ser descobertas”, como diz o projeto conceitual original da instituição.
Lições da floresta
Há três anos, o Comitê de Família do Grupo Bemol/Fogás decidiu tornar público um texto inédito do professor Samuel Benchimol, no clima de discussão sobre o centenário do fim do Ciclo da Borracha. As circunstâncias eram outras mas o clima de inquietação conserva similaridades com alguns setores da atualidade, mais alcançados pelo encolhimento da economia e de um horizonte preocupante em relação ao seu desfecho. É curioso lembrar que o autor da narrativa, com mais de 115 títulos publicados sobre a questão amazônica, integrou uma plêiade de pioneiros que fizeram das lágrimas a urgência de multiplicação na indústria de lenços. Foram eles responsáveis por empreendimentos de vulto como a refinaria de Manaus, entre mais de 40 empresas de perfil extrativista/florestal com vínculo agroindustrial, as quais desembarcaram na concepção e implantação do modelo Zona Franca. E qual é o mérito e quais são as peculiaridades desses empreendedores, senão amar o próprio destino, tomá-lo em suas mãos, priorizar o valor da família e ver a própria terra como extensão de seu lar, onde é preciso ensaiar a boa gestão, fazer da justiça um esteio e da prosperidade um objetivo comum? Eles voltaram à floresta para entender e aproveitar suas sugestões e alternativas. O viver juntos do Musa é lição extraída da memória recente de uma Amazônia vibrante em que sua gente foi capaz de reagir e criar soluções.
Depressão, débâcle e bancarrota, Samuel Benchimol – 1994 (…)
“Como consequência dessa quebra de preços, resultante da perda do monopólio da borracha, com a entrada da produção dos seringais asiáticos, toda a estrutura produtiva da Amazônia começou a desabar. Os seringalistas endividados não conseguiam pagar, com os preços aviltados, os financiamentos dos aviadores e assim deixavam ao desamparo os seringueiros, que desprovidos dos ranchos e dos aviamentos do depósito e do barracão não tinham como e porque continuar produzindo. Muitos abandonaram as suas estradas e procuraram sobreviver em outras vilas e cidades rio-abaixo. Os que podiam voltavam ao Ceará e outros estados nordestinos. Muitos deles, no entanto, endividados e sem saldos, preferiram ficar nas suas colocações para se tornar caçador de peles de animais silvestres, coletor de ouriços de castanha ou simplesmente se dedicavam a agricultara de subsistência com os seus roçados de mandioca, milho, feijão e arroz. Os seringalistas também buscavam alternativas e estratégias de sobrevivência, tentando diminuir os custos de produção, através da produção de alimentos nos seringais, despendiam o pessoal localizado nos centros mais distantes, davam a conta daqueles seringueiros menos produtivos, diminuíam o número de burros e comboios, despediam os funcionários do beiradão e do escritório. Outros, mais endividados, entregavam os seus seringais aos aviadores, em pagamento de suas dívidas ou deixavam que estes o executasse e arrematasse, ou adjudicassem as suas propriedades em hasta pública nos leilões judiciais.”
Sesi: Ação Global em Itacoatiara
O Serviço Social da Indústria (SESI Amazonas) e a Rede Globo de Televisão vão realizar no próximo dia 30, das 8 às 17 horas, a 22ª edição da Ação Global 2015, em Itacoatiara, com atendimento gratuito em saúde, educação, cultura e esporte. Os serviços serão oferecidos no Porto de Itacoatiara, Escola SESI Abrahão Sabbá e na biblioteca SESI Indústria do Conhecimento. Nos dias 25 a 29 de maio, com o propósito de ampliar os benefícios à população do município de Itacoatiara, o SESI vai antecipar seus atendimentos com os serviços médicos, odontológicos e laboratoriais, com o Navio de Assistência Hospitalar Dr. Montenegro, da Marinha, além dos serviços de emissão de CPF, RG, CTPS e atendimento do INSS, no Navio Zona Franca Verde do Governo do Estado do Amazonas. Ambos os navios atenderão das 7h30 às 17 horas, no Porto de Itacoatiara. O estacionamento da Escola SENAI Abrahão Sabbá estará com as atividades de videokê, apresentação de dança, apresentação de coral, performance e oficina de dança, oferecidos pela unidade móvel Qualidade de Vida do SESI/AM. O Sebrae atenderá em sua unidade móvel com orientações sobre linhas de créditos, formalização de microempresas, cursos de capacitação para empresários e futuros empresários. Ambos os serviços serão oferecidos no período de 26 a 29 de maio, das 18h30 às 20h30. Já a Unidade Móvel de Odontologia do SESI atenderá à população com exames bucais, profilaxia com aplicação de flúor e raspagem de cálculo (tártaro), no período de 25 a 30 de maio, das 8h às 11h e das 14h às 17 horas. Todos os serviços oferecidos em unidades móveis serão realizados no estacionamento da Escola SENAI Abrahão Sabbá. Entre as ações a serem realizadas na Ação Global estão incluídos Casamento Coletivo, com casais formados no próprio município de Itacoatiara, no dia 28 de maio, às 16 horas, e a abertura da Memorabilia Moysés Israel na Universidade Federal do Amazonas no município. O SESI conta ainda com o Programa Cozinha Brasil na distribuição de sopas e orientações sobre a importância de uma alimentação saudável, qualidade de vida e benefícios e nutrientes em sucos naturais no dia 30 de maio, durante todo o dia de Ação Global.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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