A instalação e plano de trabalho da Comissão de Competitividade, em janeiro último, chamam a atenção para a retomada ou a estruturação da competitividade da Nova Indústria ZFM. O projeto de diversificação e adensamento produtivo na Amazônia é bem mais que uma questão econômica.
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
Em artigo publicado em fevereiro último, o professor Augusto Rocha, logo após a instalação da Comissão CIEAM de Competitividade, anotou algumas premissas para que possamos retomar as trilhas da competitividade no contexto da “Nova Indústria ZFM”. A recomendação inicial é a Exploração Sustentável da Biodiversidade, posto que essa plataforma fabril está fincada na Amazônia, uma das regiões mais ricas em biodiversidade no mundo, o que representa uma vantagem competitiva das mais promissoras e, por suposto, delicadas.
No segundo movimento, aparece o maior desafio, ou seja, cuidar da sociodiversidade. Melhoria dos Índices de Desenvolvimento Humano. O Amazonas, apesar de sua imensurável riqueza natural, enfrenta deploráveis índices de desenvolvimento humano. A diversificação industrial e o investimento dos recursos repassados pela indústria em setores que promovam a educação, saúde, e infraestrutura são as placas que vão balizar a elevação da qualidade de vida da população local, tornando-a mais produtiva e capacitada para participar ativamente na economia.
Entre as premissas um alerta, a dependência de poucos produtos ou setores para a economia de uma região pode ser arriscada, especialmente em tempos de instabilidade econômica, diplomática e política global. A diversificação através do aproveitamento de novos produtos e serviços derivados da flora e fauna local pode criar uma economia mais resiliente e menos suscetível a choques externos. Nesse contexto, a Nova Indústria ZFM já se movimenta através de suas demandas antigas e sempre novas na busca de recentes compósitos, látex, curauá, fécula de mandioca, bioindústria da fruticultura e entre elas todas a reciclagem de bioresíduos para produção de bioplásticos para indústria de Duas Rodas.
Em tudo isso, borbulha de modo inquietante a defesa do Patrimônio Natural em caixa alta.
Somos o habitar de um dos mais importantes ecossistemas do mundo, que tem enfrentado constantes ameaças de exploração ilegal e destruição ambiental. Ao promover uma visão de desenvolvimento que integra a competitividade econômica com a conservação ambiental, é essencial criar um modelo que defenda esse patrimônio contra interesses predatórios, internos e externos, garantindo sua continuidade para gerações futuras. A lógica da ave que produz ovos de ouro.
A jornada inclui a construção de parcerias estratégicas, locais, nacionais ou alhures. Preferencialmente, no caso do Amazonas, em que as algumas empresas financiam o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), sob as bençãos da SUFRAMA e gestão abalizada do IDESAM, a competitividade sai fortalecida através de parcerias estratégicas entre o setor público, o setor privado e a academia. Tais parcerias podem facilitar a transferência de tecnologia, o desenvolvimento de inovações e a formação de um capital humano qualificado que entenda tanto dos negócios quanto da importância da sustentabilidade ambiental.
O desafio das “Falsas Amizades” e da exploração econômica que depreda e que reza o Pai Nosso até é tão somente ao venha a nós, exige a eterna vigilância, de sobreaviso constante, sobre as intenções de atores externos e internos à região. É fundamental garantir que as parcerias estabelecidas sejam justas e que contribuam realmente para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, ao invés de perpetuar ciclos de exploração destrutiva e dependência temerária.
A instalação e plano de trabalho da Comissão de Competitividade, em janeiro último, chamam a atenção para a retomada ou a estruturação da competitividade da Nova Indústria ZFM. O projeto de diversificação e adensamento produtivo na Amazônia é bem mais que uma questão econômica. É também uma estratégia de sobrevivência, defesa e aproveitamento sustentável competitivo do patrimônio mais valioso que o estado possui: sua Natureza. Ela não cessa, porém, de sinalizar que quaisquer deslizes ou gestão aloprada de seus recursos, depredação vesga e criminosa de seus ativos, vão custa valores e estragos catastróficos, assustadores e perfeitamente evitáveis.
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora
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