“O cientista Niro Higuchi, pesquisador do INPA, e co-fundador do portal BrasilAmazoniaAgora – atualmente empenhado na demonstração da descarbonização da indústria da Zona Franca de Manaus, em parceria com Suframa e CIEAM, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas – desempenha um papel multiuso e fundamental no desenvolvimento da Ciência na Amazônia”.
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
No dia 3 de novembro, o Imperador do Japão, através do Consulado japonês no Amazonas, anunciou a condecoração do Outono do 5º Ano da Era Reiwa, a era da Harmonia em sua mais bela manifestação, ao Dr. Niro Higuchi, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com a Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Laço, “por sua contribuição durante longo tempo na implementação de projetos bilaterais, entre o Japão e o Brasil, relacionados à floresta amazônica”.
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O cientista Niro Higuchi, um dos pesquisadores mais importantes da questão climática mundial, co-fundador do portal BrasilAmazôniaAgora – e atualmente empenhado na demonstração da descarbonização da indústria da Zona Franca de Manaus, em parceria com Suframa e CIEAM, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas – desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da Ciência na Amazônia. Sua pesquisa tem deixado um impacto duradouro na compreensão e conservação do bioma florestal, o maior dos trópicos úmidos. Sua notável carreira e contribuições abrangem diversas áreas, com destaque para a investigações sobre mudanças climáticas com os estudos da dinâmica do carbono, e a necessidade de valorização, proteção e manejo sustentável da floresta amazônica.
Uma das conquistas mais decisivas na jornada do cientista Higuchi é seu envolvimento como membro do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007, conferido aos participantes do combate ao aquecimento global. Sua participação nesse painel demonstra seu compromisso com a pesquisa e o entendimento das implicações da mudança climática global, especialmente no contexto da Amazônia, uma região crítica para a regulação climática do planeta devido à sua vasta extensão de floresta tropical.
Além disso, Dr. Higuchi liderou projetos bilaterais entre o Japão e o Brasil relacionados à floresta amazônica. Seu trabalho na coordenação do “Projeto de Pesquisas Florestais na Amazônia Brasileira” (Projeto Jacaranda) (1995-2003) e do “Projeto Dinâmica do Carbono da Floresta Amazônica”, o CADAF estabeleceu as bases para a cooperação entre os dois países na área ambiental na floresta amazônica. Isso não apenas promoveu a pesquisa científica na região em favor do clima, enfatizando a importância da Amazônia na mitigação da mudança climática devido à sua capacidade de armazenar carbono.
Além de suas realizações em pesquisas, Higuchi desempenha um papel fundamental na formação de futuras gerações de cientistas e na promoção do intercâmbio acadêmico entre instituições brasileiras e japonesas. Seu compromisso de mais de 30 anos como professor do curso de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais do INPA demonstra seu comprometimento em capacitar outros para enfrentar os desafios da conservação florestal.
A presença japonesa na região amazônica é decisiva sob vários pontos de vista. Além do presente alternativo à economia da borracha, desconstruída nas primeiras décadas do Século XX, com a introdução da cultura das fibras naturais, juta e malva, os japoneses foram fundamentais na implantação da ZFM, nos segmentos agrícola, comercial e industrial. A disciplina produtiva, o culto à educação e seus promotores, o esmero nas diversas artes, incluindo a culinária, fazem preciosa essa presença. Os consumidores de tacacá, os mais exigentes, conseguem entender, por toda essa sintonia, porque essa bebida icônica em Manaus é produzida por uma família tradicional da cidade, os Ishiba, com um toque milenar oriental.
O Dr. Niro Higuchi desempenha um papel polivalente e vital no desenvolvimento da ciência na Amazônia. Suas contribuições em pesquisa, educação e diplomacia científica destacam a necessidade urgente de valorizar e proteger o bioma amazônico. E não apenas como um patrimônio natural, mas como um ativo determinante na luta contra a mudança climática e na preservação da biodiversidade global. Seu legado inspira outros cientistas e líderes a continuarem trabalhando incansavelmente para esse propósito universal.
Sem sombra de dúvidas, os benefícios que a ciência pode trazer para o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade ambiental da Amazônia, na imitação, a Bioeconomia mimética e aproveitamento de seu banco genético são imensuráveis e de grande importância. Atualmente, a parceria do Dr. Niro Higuchi com a Suframa e o CIEAM, instituição pública e organização de classe do Polo Industrial de Manaus, exemplifica como a ciência desempenha um papel criativo e construtivo nesse contexto.
Negacionismos à parte, a pesquisa científica é essencial para encontrar soluções nutricionais, farmacológicas e dermocosméticas que permitam o desenvolvimento econômico, integral, integrado, isto é, sustentável na região. Aqui é a pátria das águas, dos tesouros minerais e energéticos, que possuem um potencial imensurável para a diversificação da indústria sustentável, proteína aquícola, capazes de atender a segurança alimentar do planeta. E a simples reposição florestal, com adoção de espécies de alto valor agregado, pode ser decisiva na estabilização climática, na geração de empregos sustentáveis. E de quebra, a transformação da Amazônia continental no fornecedor de um novo paradigma da relação entre natureza e cultura, ou seja, meio ambiente e desenvolvimento.
Cabe, aqui, uma reflexão sobre o conceito original de Sustentabilidade. Ele está registrado num dos livros escritos antes da Conferência da ONU, no Rio de Janeiro, em 1992, sobre o paradoxo do Desenvolvimento à luz da Proteção Ambiental/Florestal. Trata-se de Guerra na Floresta, de Samuel Benchimol, onde o conceito responde ao paradoxo apontando um paradigma: “O desenvolvimento deve, a um tempo, ser economicamente viável, politicamente correto, socialmente justo e ambientalmente sustentável”. E sobre Samuel Benchimol, nosso mais sábio amazonólogo, Higuchi ja se manifestou. “Ele é nossa inspiração da pesquisa científica que deve identificar métodos de exploração que minimizem o impacto ambiental e promovam a conservação da biodiversidade”.
“A investigação da neutralidade na emissão de carbono pela indústria instalada em Manaus, segundo Maurício Loureiro, membro da Comissão ESG, do CIEAM, é um exemplo notável de como a ciência pode contribuir para a sustentabilidade ambiental”. O monitoramento e a redução das emissões de carbono, segundo ele, são fundamentais para combater a mudança climática, e essa iniciativa demonstra como a indústria pode operar de maneira mais limpa e eficiente na gestão florestal da Amazônia.
“Essa parceria com o Dr. Niro, diz Regia Moreira, Conselheira e coordenadora da Comissão ESG do CIEAM, também enfatiza a importância da geração de empregos na região amazônica, um aspecto vital do desenvolvimento socioeconômico regional, fator eficaz para a redução das desigualdades regionais”. Com cerca de 500 mil empregos diretos e induzidos gerados a partir do Amazonas, a indústria desempenha um papel fundamental na melhoria das condições de vida das comunidades locais, proporcionando oportunidades de emprego e crescimento econômico, reforça a empresária.
“A ciência desempenha um papel central na busca por soluções que equilibrem o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade ambiental na Amazônia” – conclui Luiz Augusto Rocha, empresário e presidente do Conselho do CIEAM. Para ele, as pesquisas do Dr. Niro Higuchi demonstram como é possível encontrar caminhos para a utilização responsável dos recursos naturais da região, contribuindo para a proteção da floresta, a mitigação do aquecimento global e o bem-estar das comunidades locais”. Essas iniciativas, e os aplausos do governo japonês à ciência e ao cientista Niro Higuchi, exemplificam o potencial transformador da investigação quando aplicada em prol do paradigma da sustentabilidade, no delicado e fascinante desafio de proteger a Amazônia e propiciar emprego, renda e oportunidades para a população.
Niro nasceu no Paraná, em 1952, e trabalha em Manaus, no Inpa, desde 1980. É Engenheiro Florestal (UFPR 1975), Mestre (UFPR -1978), Doutor (Michigan State University 1987) e Pós-Doutor (University of Oxford 1998). Pesquisador em Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase em Inventário e Manejo Florestal, é membro titular da Academia Nacional de Engenharia (ANE) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Único brasileiro a receber o prêmio Nobel da Paz, em 2007, com outros cientistas que trabalham na ONU, para estudos e defesa do Clima.
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