Dados do MapBiomas revelam um aumento de 22,3% do desmatamento geral em comparação ao ano anterior, 2021. Amazônia foi o bioma mais atingido. Especialistas apontam que política ambiental do governo de Jair Bolsonaro causou aumento das ações de crimes ambientais.
Em 2022, o desmatamento no Brasil atingiu números preocupantes, com a perda de mais de 20 mil km² de vegetação nativa, representando um aumento de 22,3% em relação ao ano anterior. O bioma mais afetado foi a Amazônia, onde 21 árvores foram derrubadas a cada segundo no período, totalizando 1.260 por minuto. Esses dados alarmantes foram revelados no Relatório Anual de Desmatamento (RAD2022) do MapBiomas, lançado nesta segunda-feira (12).
Durante os quatro anos da gestão de Bolsonaro (2019 a 2022), foram registrados mais de 303 mil alertas, totalizando 66 mil km² de desmatamento nos seis biomas brasileiros. A área de vegetação nativa perdida foi maior do que o território somado dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Aumento do desmatamento em diversos biomas
Com exceção da Mata Atlântica, todos os outros cinco biomas tiveram aumento na área desmatada entre 2021 e 2022. Os maiores incrementos ocorreram na Amazônia, com quase 200 mil hectares a mais desmatados, e no Cerrado, com um incremento de 157 mil hectares.
Em relação ao número de alertas, o Cerrado teve o maior aumento, com 31,2% a mais, seguido pelo Pampa, com 27,2% de aumento, Caatinga, com 22,2%, Amazônia, com 19%, e Pantanal, com 4,4% a mais no número de alertas. A Mata Atlântica registrou uma queda de 0,6% no número de avisos, mas ainda assim foram registrados 30.012 hectares de desmatamento nesse bioma, que atualmente possui apenas 29% de suas florestas, de acordo com medições do MapBiomas.
Amazônia e Cerrado lideram o ranking
Além dos maiores incrementos, Amazônia e Cerrado também ocupam o topo da lista de biomas mais desmatados em termos de área, respondendo por 90% do total perdido no país no período analisado. Na Amazônia, foram derrubados 11,9 mil km² de floresta, o que representa 58% do total. O Cerrado perdeu 6,5 mil km² de vegetação, correspondendo a 32,1% do total.
Cinco estados inseridos nesses dois biomas concentraram mais da metade da área desmatada no país em 2022: Pará, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso e Bahia. Juntos, eles foram responsáveis por 66% do total detectado no Brasil no período.
O Pará lidera o ranking com 22,2% da área perdida no país (4,5 mil km²), seguido pelo Amazonas, com 13,3% (2,7 mil km²), Mato Grosso, com 11,6% (2,4 mil km²), Bahia, com 10,9% (2,3 mil km²), e Maranhão, com 8,2% do total no país (1,7 mil km²).
Velocidade preocupante
O relatório do MapBiomas também revelou um aumento na velocidade média de alertas. Em 2021, a velocidade era de 0,18 ha/alerta/dia, enquanto em 2022 esse número subiu para 0,20 ha/alerta/dia. Isso significa que o Brasil perdeu 2,3 km² de vegetação nativa por hora no ano passado, ou 56,3 km² por dia, em média.
Somente na Amazônia, foram desmatados 32,6 km² por dia, o equivalente a 1,4 km² por hora. Isso representa cerca de 21 árvores derrubadas a cada segundo. O Cerrado está em segundo lugar, com 18 km² por dia, o equivalente a 0,75 km² por hora. O aumento da velocidade do desmatamento foi constatado em todos os biomas, exceto na Mata Atlântica, onde se manteve estável.
O relatório aponta que as áreas desmatadas no país também estão cada vez maiores. Houve um aumento de quase 20% com mais de 100 hectares por alerta em 2022. Embora essas áreas representem apenas 4,8% dos alertas gerados, elas respondem por 60,6% do total desmatado no país. Já as áreas com menos de 25 hectares representam cerca de 80% dos alertas, mas apenas 15% da área desmatada.
Irregularidades e impactos nas áreas protegidas
A maior parte (79%) ocorreu total ou parcialmente dentro de áreas registradas como propriedades privadas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Foram cerca de 75 mil imóveis rurais com registro de desmatamento, o que representa apenas 1,1% do total registrado no sistema nacional.
Mais de 99% da área desmatada no Brasil em 2022 apresentou indícios de irregularidades, segundo o MapBiomas. A maioria dessas irregularidades está relacionada a sobreposições a áreas de Reserva Legal e Área de Proteção Permanente, que, legalmente, deveriam ser protegidas.
As Comunidades Remanescentes de Quilombos (CRQ) e Terras Indígenas (TIs) continuam sendo os territórios mais preservados do Brasil. Os desmatamentos em TIs representaram apenas 1,4% da área total desmatada no Brasil em 2022. No entanto, a maior parte ocorreu na Amazônia, sendo a TI Apyterewa (PA) o território indígena com maior área desmatada pelo segundo ano consecutivo.
Já os desmatamentos que afetam as comunidades quilombolas representaram apenas 0,05% da área total desmatada no Brasil em 2022. A área quilombola mais afetada foi a Kalunga (GO), onde 258 ha de vegetação nativa foram suprimidos, parte deles dentro da Área de Proteção Ambiental Pouso Alto, no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
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