Em meio ao temor que nasce da crise elétrica no país, com possibilidades reais de apagão nos próximos meses, decorrente sobretudo da intensificação do ciclo da seca, pesquisadores do tema tem alertado, sistematicamente, sobre o aprofundamento dos períodos de estiagem. Basta ver aqui os últimos resultados da série histórica de medições climáticas.
Em um país onde até 70% de sua matriz energética é hidrelétrica, uma das principais razões do avanço dessa crise é o já exaustivamente denunciado desmatamento da Floresta Amazônica, que vêm batendo recordes atrás de recordes nos últimos anos.
Em evento realizado na última quarta-feira (dia 30/06), pelo Climatempo, o físico Paulo Artaxo, professor titular do Departamento de Física Aplicada da USP, membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e parceiro do portal BrasilAmazôniaAgora, disse:
“Nós estamos alterando o fluxo do vapor de água para o restante do país. Portanto, um dos componentes da seca no brasil central, sem dúvida nenhuma, pode ser o desmatamento na Amazônia aliado às mudanças climáticas globais”
Leia também: Desmatamento na Amazônia ameaça o gavião-real
Isto se deve ao fato da Amazônia erigir do solo quantidades enormes de vapor d’agua que, por sua vez, se espalham pelo continente regulando o clima e trazendo chuvas para outros países vizinhos, à região Sul (onde está localizada a usina hidrelétrica de Itaipu, por exemplo) e sobretudo ao Centro-Oeste do Brasil, que demanda maior intensidade praa atividade agropecuária, apontada pelos especialistas como um dos grandes motores do desmatamento no país.
Menos árvores, menos chuvas
Artaxo deixa claro o caráter grave e emergencial da situação:“não temos plano B e Planeta B”, ao indicar que o próximo relatório do IPCC, que será lançado no próximo dia 9 de Agosto, abordará o tema deixando claro que ainda possuímos condições materiais para resolver o problema, e que se não o fizermos logo não haverá solução.
A urgência se deve ao cada vez mais provável alcance do chamado “tipping points” (ponto de não-retorno), onde a floresta perde sua capacidade de regeneração e, se diminuída a tal ponto, consequentemente perderá também sua capacidade reguladora do clima.
Além de reduzir a vazão de vapor d’água, ela também liberará mais carbono na atmosfera, acelerando a cadeia de acontecimentos que culminam ao aquecimento global.
No mesmo evento, Gilca Palma, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Climatempo, afirmou que as previsões para os próximos 12 meses demonstram um cenário que “não é nada favorável”, com tendências de precipitações abaixo da média em grande parte do Brasil, e sobretudo no Sul. Gilca ainda reforçou:
“O próximo verão ainda vai estar bem comprometido. Então, a gente já vem de uma situação ruim e a projeção para o próximo verão é de chuva abaixo da média no centro-sul. É bem preocupante essa situação”
Clique em Amazônia, e em Meio Ambiente para ler mais conteúdos dos temas.
Com informações do Globo Rural
Comentários