Tempestades com raios podem matar 20% mais árvores da Amazônia

Com o aumento no número de tempestades, as árvores da Amazônia correm o risco de passarem de absorvedoras a emissoras de carbono, prejudicando esforços globais contra o aquecimento do planeta

Além da vegetação densa e umidade característica, a Amazônia destaca-se também pela alta incidência de raios. A região é a única do Brasil onde os temporais ocorrem durante todo o ano, sendo registradas cerca de 500 mil tempestades e 50 milhões de descargas atmosféricas na floresta anualmente. Entretanto, mesmo que isso faça parte das características que o clima quente e úmido da região favorece, as tempestades podem impactar de forma considerável na sobrevivência das árvores da Amazônia.

Projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, ao longo deste século, a região pode sofrer um aumento de até 50% na ocorrência de raios. Isso poderá levar a uma elevação de 20% na mortalidade de grandes árvores e até 40% no número de árvores derrubadas por ventanias. Conforme explica Osmar Pinto Jr., coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Inpe, em entrevista ao Um Só Planeta, esses impactos serão amplos, afetando desde os micróbios do solo até plantas, animais e pessoas que dependem do equilíbrio da floresta.

Tempestades com raios podem matar 20% mais árvores da Amazônia.
Tempestades com raios podem matar 20% mais árvores da Amazônia | Foto> Julio Perez/Pexels

Pinto Jr. integra também a equipe da série “Caça Tempestades”, produção brasileira exibida na TV aberta que retrata o cotidiano de temporais na Amazônia.

Aumento das tempestades na Amazônia preocupa

Para projetar o aumento da perda de flora devido às tempestades, os pesquisadores utilizaram 12 modelos meteorológicos distintos, que apontaram uma média de 50% mais tempestades até o final do século na região. O aumento é atrelado ao impacto constante das mudanças climáticas e dos fenômenos El Niño e La Niña, que influenciam diretamente o ciclo de vida das árvores da Amazônia. Segundo Pinto Jr, a área será a mais afetada no Brasil, enquanto o Nordeste não deve apresentar mudanças significativas.

Uma transformação desse porte na floresta amazônica é motivo de grande preocupação para a comunidade científica. O aumento de tempestades na Amazônia, aliado às secas e à maior incidência de raios, pode agravar os incêndios florestais, comprometendo ainda mais a saúde do bioma. Debilitada, a floresta corre o risco de passar de absorvedora a emissora de carbono, prejudicando os esforços globais contra o aquecimento do planeta e reforçando alertas de colapso ambiental.

Busca-se promover uma transição para uma economia verde, investindo em descarbonização, de maneira mais inclusiva e abrangente
Busca-se promover uma transição para uma economia verde, de baixo carbono, de maneira mais inclusiva e abrangente | Foto: Freepik
Redação BAA
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Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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