Pesquisa mostra que as emissões de gases de efeito estufa pela pecuária brasileiras atingem mais que o dobro do limite assumido pelo Brasil
A produção de carne bovina no Brasil está emitindo mais que o dobro do limite de gases de efeito estufa necessário para que o país cumpra suas metas ambientais internacionais propostas para 2030. É o que revela um estudo conduzido por pesquisadoras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), publicado na revista Environmental Science and Pollution Research.
Segundo a pesquisa, nos próximos cinco anos, as emissões do setor pecuário brasileiro podem variar entre 0,42 e 0,63 gigatonelada de CO₂ equivalente, enquanto o limite necessário para atender à Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), compromisso climático assumido pelo Brasil no Acordo de Paris em relação a sua meta de carbono, seria de apenas 0,26 gigatonelada.

As pesquisadoras utilizaram como base para o estudo a NDC em vigor até 2024, de redução das emissões em 43% até 2030, em comparação a 2005. “Nossas descobertas mostram que é preciso adotar na cadeia produtiva práticas que mitiguem as emissões. Isso contribui também com a redução de custos associados às mudanças climáticas“, explicou a bióloga Mariana Viera da Costa, uma das autoras do estudo, à agência Fapesp.
Qual o custo da emissão de gases poluentes?
No estudo, as pesquisadoras utilizaram o Custo Social do Carbono (CSC) como ferramenta para calcular os impactos econômicos gerados pela emissão de uma tonelada de CO₂. Esse indicador considera não apenas prejuízos financeiros diretos, mas também efeitos ambientais e sociais mais amplos. Entre os custos analisados estão os impactos não comerciais no meio ambiente e na saúde humana, danos causados por eventos climáticos extremos e perdas na agricultura.
Segundo a pesquisa, o potencial de economia — caso o Brasil consiga cumprir suas metas de redução de emissões até 2030 — varia entre US$ 18,8 bilhões e US$ 42,6 bilhões.

Por outro lado, se nenhuma ação significativa for tomada, a elevação da temperatura média global poderá acarretar impactos econômicos ainda mais severos, como queda na produtividade agrícola, aumento dos incêndios florestais e crescimento nas taxas de mortalidade associadas a extremos climáticos.
Esses dados reforçam que investir na redução de emissões não é apenas uma obrigação ambiental, mas também uma estratégia econômica inteligente e preventiva. Entre as medidas urgentes para conter o avanço das temperaturas globais, está justamente a transformação no processo de produção da carne bovina. Assim, a adoção de práticas mais eficientes e de baixa emissão de carbono pela pecuária brasileira são incentivadas pela pesquisa, como forma de alinhar o setor às metas ambientais internacionais.
