O estoque de infraestrutura que transforma

O desenvolvimento humano na Amazônia passa por muitos desafios, mas precisaremos encontrar rapidamente como dotar a região de uma infraestrutura contemporânea, com uma governança responsável com o meio ambiente. O encontro deste equilíbrio passa muito longe do garimpo ilegal e muito perto da indústria de alta tecnologia.

Augusto Cesar Barreto Rocha
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Um bom estoque de infraestrutura é fundamental. A oportunidade de um melhor desenvolvimento humano e das condições para atividades econômicas produtivas e competitivas está intrinsecamente conectada com esta condição, que contempla sistemas de transporte, energia, saneamento básico e telecomunicações. Convém ainda perceber que a cada ano acontece uma depreciação expressiva, o que leva a uma necessidade de constante manutenção deste recurso, para preservar a qualidade deste importante investimento.

Países mais desenvolvidos são sempre muito atentos, possuindo uma parcela muito significativa de seus investimentos alocados neste aspecto, pois é um bem coletivo. A capacidade de construção competitiva, rápida e eficiente deste tipo de obra é muito importante para qualquer região do mundo. Contudo, sempre existe o dilema sobre quanto convém investir e onde é melhor investir. A questão passa por aspectos diversos, como se é melhor induzir atividades novas em um determinado lugar ou se seria preferível ampliar recursos onde existam atividades deficitárias. Em nosso país, a Constituição Federal preconiza reduzir as desigualdades regionais.

Uma coisa é certa: o rompimento das condições de subdesenvolvimento depende em grande medida destas obras. Existem estudos que apontam que o Brasil teria algo entre 25%, 31% ou 36,2% de seu PIB com infraestruturas, conforme diferentes fontes. Mesmo em países como a Índia ou a Inglaterra, a China ou os Estados Unidos, estes valores excedem facilmente os 50% de seus PIBs. Isso é uma sinalização fundamental para demonstrar o quanto estamos distantes no que diz respeito ao que necessitamos de condições de transporte, telecomunicações, energia e saneamento.

O rompimento da condição de baixo desenvolvimento humano se dará pela criação de condições para as pessoas se desenvolverem e não por um passe de mágica de um herói nacional ou estrangeiro. As pessoas possuem grande potencial para brilhar, desde que sejam dadas as condições. Sem elas, o mais provável é um apequenamento do potencial de cada um. Esta é a situação do Brasil, onde a maior parte das infraestruturas dotam São Paulo e Sudeste de muitos recursos e são escassos em todo o restante do país, sob várias e diferentes desculpas.

O desenvolvimento humano na Amazônia passa por muitos desafios, mas precisaremos encontrar rapidamente como dotar a região de uma infraestrutura contemporânea, com uma governança responsável com o meio ambiente. O encontro deste equilíbrio passa muito longe do garimpo ilegal e muito perto da indústria de alta tecnologia. Este é o principal desafio para romper os séculos de isolamento da nossa região, que não é distante de canto nenhum, pois isso seria uma questão insolúvel. O que acontece é que não possuímos por aqui a infraestrutura necessária para nos aproximar uns dos outros e das condições de vida do século XXI.

Augusto Cesar
Augusto Cesar Barreto Rocha é professor da UFAM
Augusto César
Augusto César
Augusto Cesar Barreto Rocha é professor da UFAM

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