Mudança climática e seca na Amazônia: A região amazônica enfrentou em 2023 uma das suas piores secas, com impactos profundos em seis países: Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Equador.
Esta estiagem sem precedentes levou o Rio Negro, em Manaus, a registrar seu nível mais baixo em 121 anos de medições. O fenômeno isolou comunidades, afetou plantações e dificultou o acesso a alimentos e remédios, além de causar a morte de centenas de botos e milhares de peixes.
Inicialmente atribuída ao El Niño, um estudo recente da World Weather Attribution (WWA), lançado na última quarta-feira (24/1), aponta que as mudanças climáticas foram o principal fator por trás dessa seca extrema. Segundo a pesquisa, a crise climática aumentou em até 30 vezes a probabilidade de uma seca severa como esta ocorrer entre junho e novembro. A pesquisa foi amplamente divulgada por veículos como O Globo, Folha, g1, Estadão, e Observatório do Clima.
O estudo destaca que, embora o El Niño contribua normalmente para a redução das chuvas na região, a duração e a intensidade da estiagem recente foram principalmente impulsionadas pelo aumento das temperaturas globais. A pesquisa analisou dois aspectos: a seca meteorológica, focada na baixa precipitação, e a seca agrícola, que inclui a evapotranspiração e reflete melhor os impactos humanos da seca
Os cientistas do Reino Unido, Brasil, Dinamarca e Holanda que conduziram o estudo usaram modelos climáticos para comparar a probabilidade de ocorrência de eventos extremos no clima atual, que já é 1,2°C mais quente, com o clima pré-industrial. Eles alertam que, se não houver uma redução radical no uso de combustíveis fósseis, eventos extremos como esse se tornarão cada vez mais frequentes, conforme reportado pela BBC.
Regina Rodrigues, uma das autoras do estudo e coordenadora do grupo que investiga o Oceano Atlântico na Organização Meteorológica Mundial (OMM), enfatiza a seriedade da situação: “Diferentemente do El Niño, que é temporário, as mudanças climáticas não têm prazo para acabar, e secas extremas podem se tornar mais frequentes”. Este estudo lança um alerta crucial sobre a urgência de abordar as mudanças climáticas para prevenir futuras crises ambientais na Amazônia.
Comentários