Nova geração de metas climáticas inclui justiça social e proteção dos oceanos, mas ausência de NDCs atualizadas por grandes emissores freia ambição global às vésperas da COP30.
Próximo da COP30, em Belém, um novo relatório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) aponta um avanço inédito. O mundo começa, pela primeira vez, a frear o crescimento das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, os cortes ainda são tímidos diante da urgência climática.
O estudo publicado analisou 64 novas ou atualizadas metas climáticas (NDCs) submetidas entre janeiro de 2024 e setembro de 2025, cobrindo cerca de 30% das emissões globais. Com a implementação total dessas metas climáticas, as emissões desse grupo de países podem cair 24% até 2035. O pico seria atingido antes de 2030, seguido de uma queda expressiva rumo à neutralidade de carbono entre 2040 e 2060.
“Pela primeira vez, a humanidade está claramente curvando para baixo a trajetória das emissões, embora ainda não com a velocidade necessária.” A declaração é de Simon Stiell, secretário executivo da UNFCCC, que também alertou para a necessidade de se acelerar a ação climática a partir da COP30.
Além de indicar uma redução estimada de 6% nas emissões totais em relação às projeções anteriores, o relatório destaca uma nova geração de NDCs mais amplas e inclusivas. Segundo o documento, 89% das metas climáticas cobrem toda a economia; 73% incluem adaptação; 70% abordam transição justa; 89% incorporam igualdade de gênero; 88% consideram crianças e jovens e 78% mencionam o oceano, um salto de 39% em relação ao ciclo anterior.
Apesar dos avanços, a ausência de metas climáticas atualizadas de grandes emissores como União Europeia, China e Índia limita a abrangência do relatório. Para organizações da sociedade civil, como Greenpeace e Observatório do Clima, os dados reforçam que os esforços ainda estão aquém do necessário.
As metas atualizadas estimam um custo total de quase US$ 2 trilhões, sendo US$ 1,3 trilhão para mitigação e US$ 560 bilhões para adaptação. Por isso, o cumprimento dessas metas dependerá de financiamento climático robusto e cooperação internacional efetiva, especialmente com foco nos países mais vulneráveis.