Já são quatro incêndios florestais e cerca de 11 mil hectares queimados pelo fogo em Los Angeles, o que levou a evacuação em massa obrigatória e destruição de mais de 2 mil imóveis
O impacto das mudanças climáticas vem sendo observado em tons laranja-avermelhados nos noticiários e no céu da cidade de Los Angeles, na Califória (EUA). Com calor, seca e ventos fortes, o fogo fora de controle se alastra pelo local desde quarta-feira (08) . Segundo a a revista Fast Company, os Estados Unidos vivem pela primeira vez na história a declaração de estado “extremamente crítico” em janeiro, um mês tradicionalmente fora do período mais vulnerável a incêndios.
Em um período de apenas 24 horas, o fogo em Los Angeles tomou a região de Pacific Palisades, bairro nobre conhecido por ser um point de casas de celebridades em LA. Ruas inteiras de casas foram carbonizadas e realizou-se a evacuação em massa obrigatória dos moradores. Muitos foram forçados a abandonar seus veículos nas estradas e fugir a pé. Já são cinco mortos e mais de 2 mil imóveis destruídos ao longo de cerca de 11 mil hectares queimados.
“O que vimos aqui nas últimas 24 horas é sem precedentes”, disse o chefe do departamento de polícia da cidade de Los Angeles (LAPD), Jim McDonnell, na tarde de quarta-feira. “Nunca vi nada parecido.”
Alertas de bandeira vermelha permanecem em vigor para o condado de Los Angeles e grande parte do condado de Ventura ao longo da quinta-feira, com autoridades alertando sobre uma “tempestade de vento ameaçadora, destrutiva e de ampla abrangência”. Os ventos, que deveriam diminuir ao longo da quarta-feira, persistirão e se tornarão mais abrangentes nos próximos dias, segundo os meteorologistas.
“Os notórios ventos de Santa Ana podem atingir rajadas de até 160 km/h em partes do sopé das colinas ao redor de Los Angeles. Isso a tornaria a tempestade de vento mais forte e potencialmente mais destrutiva do sul da Califórnia desde novembro de 2011”, destacou Eric Holthaus, jornalista especializado em meteorologia e clima, no portal da Fast Company.
Mais um fruto da crise climática
O aquecimento global tem intensificado as condições favoráveis a incêndios florestais em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, que enfrentou queimadas severas em 2024. A situação nos Estados Unidos se assemelha ao cenário enfrentado pela Amazônia e pelo Pantanal no Brasil, em período no qual houve recordes de área queimada e de número de incêndios. O cenário foi impulsionado pelo maior índice de risco de fogo já registrado no país, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ).
Assim como na temporada de incêndios no Brasil, o sul da Califórnia enfrenta as queimadas intensas após um período de seca prolongada que já dura nove meses. No momento, já são quatro incêndios florestais que tornam o fogo em Los Angeles fora de controle: Palisades, Eaton, Woodley e Hurst.
De acordo com apuração da CNN Brasil, Palisades é o maior incêndio no condado neste momento, queimando mais de 15.832 acres (6.406 hectares). O incêndio Eaton queimou cerca de 10.600 acres (4.289 hectares), de acordo com o Departamento Florestal e de Incêndios da Califórnia (Cal Fire). Woodley, que se iniciou na quarta-feira, queimou pelo menos 30 acres (12 hectares). Já as chamas do Hurst, que começou na terça-feira à noite, queimou mais de 505 acres (204 hectares), disse o Corpo de Bombeiros da Califórnia.
“À medida que os invernos esquentam e a Califórnia seca, tempestades de vento extremas se sobrepõem a condições de seca com mais frequência. A maioria dos maiores, mais mortais e mais destrutivos incêndios florestais da história do estado ocorreram nos últimos 10 anos”, afirma o jornalista Holthaus, destacando o cenário de mudança climática.