Amazônia recebe nova torre para monitoramento de gases do efeito estufa

Além do monitoramento de gases, o projeto de ação da torre busca engajar a comunidade local e fortalecer educação ambiental em escolas da região

Localizada na Reserva Mamirauá, foi inaugurada em dezembro a primeira torre dedicada ao monitoramento das emissões de gases de efeito estufa em florestas de várzea na Amazônia. A Torre de Fluxo do Mamirauá possui 48 metros de altura e é um projeto do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ela já está equipada com sensores de alta precisão que permitem monitoramento contínuo com foco especial no metano, um gás significativo no contexto do aquecimento global.

Segundo o pesquisador titular do Instituto Mamirauá e um dos coordenadores do projeto, Ayan Fleischmann, o objetivo da torre é entender o balanço de carbono e a dinâmica de gases do efeito estufa em florestas de várzea na Amazônia. “Esta é a primeira torre em florestas de várzea, que são essas florestas alagadas ao longo de grandes rios amazônicos de água branca, como as florestas alagadas ao longo dos rios Solimões e Amazonas e de outros grandes rios amazônicos”, explicou.

“Existe uma discrepância muito grande entre o levantamento realizado por satélites da emissão de gases de efeito estufa em ambientes tropicais e as estimativas modeladas para essas áreas. Se sabe muito pouco sobre a dinâmica de gases de efeito estufa em áreas de floresta de várzea, especialmente do gás metano ”, completa Fleischmann.

Processo de construção da torre de fluxo na Reserva Mamirauá.
Processo de construção da torre de fluxo na Reserva Mamirauá | Foto: Miguel Monteiro/IDSM

A torre se integra a uma rede global de monitoramento ambiental que fornece dados inéditos sobre as florestas de várzea da Amazônia, a Rede FLUXNET-CH4, que reúne torres de fluxo de diferentes ecossistemas ao redor do mundo. Além disso, faz parte do Programa LBA (Biosfera-Atmosfera na Amazônia), coordenado pelo INPA, que há 25 anos estuda as dinâmicas ambientais da Amazônia e seu impacto no clima regional e global. Apesar de mais de 20 torres de fluxo estarem operacionais na Amazônia, esta é a primeira instalada em uma floresta de várzea, marcando um avanço significativo no entendimento desses ecossistemas específicos, conforme destacou o pesquisador responsável.

Fomento à educação ambiental

O projeto da Torre de Fluxo do Mamirauá incorpora também um viés de engajamento comunitário. De acordo com Ayan Fleischmann, as comunidades locais estiveram ativamente envolvidas desde a construção da torre e continuarão a participar por meio de programas de educação ambiental e interação com escolas da região. Um plano de trabalho está sendo desenvolvido em parceria com a escola da Comunidade São Raimundo do Jarauá, a mais próxima da torre, com o objetivo de envolver os estudantes nos próximos anos, promovendo aprendizado e conscientização ambiental.

Torre de fluxo em meio à floresta de várzea da Reserva Mamirauá.
Torre de fluxo em meio à floresta de várzea da Reserva Mamirauá | Foto: Miguel Monteiro/IDSM

 “Queremos levar os alunos para a torre para eles estudarem temas como clima, hidrologia, florestas, mudanças climáticas. Com isso, tentar incentivá-los e quem sabe fomentar a próxima geração de cientistas ribeirinhos”, finalizou o pesquisador.

Redação BAA
Redação BAA
Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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