Em meio ao recorde de emissões de CO₂, cresce a exposição de populações à poluição tóxica gerada por empreendimentos fósseis, associados a riscos de saúde.
Um novo estudo do Global Carbon Budget indica que as emissões de CO₂ globais, provenientes da queima de combustíveis fósseis, devem atingir um recorde histórico em 2025, com alta de 1,1% em relação ao ano anterior. O crescimento contínuo na demanda energética supera a capacidade atual das fontes renováveis, o que compromete os esforços para limitar o aquecimento global a 1,5°C, como prevê o Acordo de Paris.
De acordo com o levantamento, as emissões oriundas de petróleo, gás e carvão podem ultrapassar 38,1 bilhões de toneladas de CO₂ neste ano. Para respeitar a meta climática, cientistas alertam que não mais que 170 bilhões de toneladas adicionais de carbono deveriam ser lançadas na atmosfera.
Enquanto isso, o aumento do uso de carvão nos EUA e na União Europeia aponta para retrocessos, influenciados pelo alto custo do gás e pelo aumento da demanda por calefação. Já na China, as emissões aparecem estáveis, embora ainda seja incerto se o país já alcançou seu pico de emissões. A Índia, por sua vez, registrou desaceleração no crescimento das emissões de CO₂, favorecida por uma monção antecipada e avanços em energias limpas.
O estudo também destaca avanços, 35 países conseguiram reduzir as emissões de CO₂ sem impactar negativamente o crescimento econômico, o dobro do que se via há dez anos. Outro fator positivo é a queda nas emissões associadas ao uso do solo, como o desmatamento, especialmente na América do Sul, atribuída ao fim do El Niño.
Paralelamente, um relatório da Anistia Internacional alerta para os impactos diretos da indústria fóssil sobre a saúde humana. Segundo a organização, mais de 2 bilhões de pessoas vivem próximas a instalações de petróleo, gás e carvão em operação, com 463 milhões a menos de 1 km desses empreendimentos. A exposição contínua está associada a problemas respiratórios, câncer, complicações cardíacas e até partos prematuros.
Além de afetar comunidades vulneráveis, os projetos fósseis têm avançado sobre Territórios Indígenas — como ocorre na Amazônia — intensificando processos de injustiça ambiental e racismo estrutural. O relatório critica o discurso que vincula crescimento econômico à expansão dos combustíveis fósseis e aponta violações sistêmicas de direitos humanos em nome do lucro.