Com 50% de queda desde 2023, desmatamento na Amazônia tem recuo histórico, apesar do crescimento da degradação e da expansão agrícola em estados-chave.
O desmatamento na Amazônia Legal registrou 5.796 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025, menor patamar em 11 anos e o terceiro mais baixo desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1988. A redução de 11% em relação ao período anterior consolida quatro anos consecutivos de queda. No Cerrado, a devastação também caiu 11,5%, totalizando 7.235 km² no mesmo intervalo.
Os dados do sistema PRODES, divulgados pelo INPE, apontam avanços significativos na contenção do desmate. Desde o início do governo Lula, em 2023, o desmatamento na Amazônia teve redução acumulada de 50%, enquanto o Cerrado recuou 35%.
No entanto, o panorama não é uniforme. O Pará segue como o estado com maior área desmatada na Amazônia, ainda que tenha reduzido em 12% o desmate no período. O Mato Grosso, por outro lado, foi o único estado da região a apresentar alta, com 26%, puxado pela expansão do agronegócio.
A atuação do IBAMA tem sido apontada como um dos principais fatores de contenção do desmatamento na Amazônia. De 2023 a 2025, houve aumento de 81% nos autos de infração relacionados à flora, 63% nas multas e 51% nos embargos. A área embargada cresceu 49% em relação ao triênio anterior.
Apesar do recuo no desmatamento, especialistas alertam para o avanço da degradação florestal, danos que não chegam a configurar corte raso. A taxa saltou de 27% para 38% no último ciclo, impulsionada principalmente pelos incêndios de 2024.
No Cerrado, o governo intensificou a fiscalização, com mais de 2.300 ações, 834 autos de infração e 20 ações civis públicas. Cerca de 78% do desmate no bioma ocorreu no MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região de forte expansão agrícola nas últimas décadas. O Maranhão lidera a devastação, com 28% do total.
“A sociedade e a imprensa estão corretas porque quando a gente tem um ganho, temos que ir para o próximo desafio. E o próximo desafio é zerar o desmatamento até 2030”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O objetivo de zerar o desmatamento foi indicado na última leva de metas climáticas (NDCs) entregues pelo Brasil.