Fósseis do crocodilo pré-histórico foram descobertos no oeste do Amazonas e já oferecem pistas importantes sobre a evolução dos antigos sistemas fluviais que originaram a bacia amazônica
Fósseis encontrados na Formação Solimões, no oeste do estado do Amazonas, revelaram a existência de uma nova espécie de crocodilo pré-histórico que habitou a região há cerca de 8 milhões de anos. Com um focinho longo e estreito, o animal lembra o gavial, um réptil atual típico do sul da Ásia.
A descoberta, resultado de uma pesquisa conduzida por uma equipe internacional de paleontólogos do Brasil, Peru, França e Estados Unidos, foi publicada na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society e trouxe à luz a espécie nomeada como Gryposuchus pachakamue, pertencente a um grupo extinto de crocodilianos.
O nome é uma homenagem a uma figura mitológica que, assim como o réptil, falava pouco e tinha o nariz curvado.

Além de expandir o conhecimento sobre a fauna pré-histórica da Amazônia, o achado oferece pistas importantes sobre a evolução desses animais nos antigos sistemas fluviais que deram origem à bacia amazônica como conhecemos hoje.
Estudo do crocodilo pre-histórico
A análise dos fósseis, especialmente do crânio, revelou que essa espécie de crocodilo ainda estava em processo de adaptação ao ambiente aquático, o que a diferencia de espécies modernas altamente especializadas.
Os cientistas destacam que o formato lateralizado dos olhos e o desenho do focinho indicam um comportamento alimentar mais variado, sugerindo que o Gryposuchus pachakamue não era exclusivamente piscívoro, como os gaviais atuais. Essa característica aponta para uma estratégia de sobrevivência mais flexível, o que amplia o entendimento sobre a evolução dos crocodilianos na antiga Amazônia e sobre como eles ocupavam e exploravam diferentes nichos ecológicos em ambientes fluviais em transformação.
