O que o crânio de um crocodilo pré-histórico conta sobre o passado da Amazônia?

Fósseis do crocodilo pré-histórico foram descobertos no oeste do Amazonas e já oferecem pistas importantes sobre a evolução dos antigos sistemas fluviais que originaram a bacia amazônica

Fósseis encontrados na Formação Solimões, no oeste do estado do Amazonas, revelaram a existência de uma nova espécie de crocodilo pré-histórico que habitou a região há cerca de 8 milhões de anos. Com um focinho longo e estreito, o animal lembra o gavial, um réptil atual típico do sul da Ásia.

A descoberta, resultado de uma pesquisa conduzida por uma equipe internacional de paleontólogos do Brasil, Peru, França e Estados Unidos, foi publicada na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society e trouxe à luz a espécie nomeada como Gryposuchus pachakamue, pertencente a um grupo extinto de crocodilianos.

O nome é uma homenagem a uma figura mitológica que, assim como o réptil, falava pouco e tinha o nariz curvado.

O que o crânio de um crocodilo pré-histórico conta sobre o passado da Amazônia?
O que o crânio de um crocodilo pré-histórico conta sobre o passado da Amazônia? | Foto: Pixabay

Além de expandir o conhecimento sobre a fauna pré-histórica da Amazônia, o achado oferece pistas importantes sobre a evolução desses animais nos antigos sistemas fluviais que deram origem à bacia amazônica como conhecemos hoje.

Estudo do crocodilo pre-histórico

A análise dos fósseis, especialmente do crânio, revelou que essa espécie de crocodilo ainda estava em processo de adaptação ao ambiente aquático, o que a diferencia de espécies modernas altamente especializadas.

Os cientistas destacam que o formato lateralizado dos olhos e o desenho do focinho indicam um comportamento alimentar mais variado, sugerindo que o Gryposuchus pachakamue não era exclusivamente piscívoro, como os gaviais atuais. Essa característica aponta para uma estratégia de sobrevivência mais flexível, o que amplia o entendimento sobre a evolução dos crocodilianos na antiga Amazônia e sobre como eles ocupavam e exploravam diferentes nichos ecológicos em ambientes fluviais em transformação.

Árvores localizadas às margens dos rios funcionam como rodovias naturais entre Amazônia e Mata Atlântica.
Vista aérea do encontro dos rios Negro e Solimões, em Manaus, no Amazonas. — Foto: Wikimedia/Domínio Público
Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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