O aparecimento dessas colônias de criaturas marinhas em grande número podem estar ligados a desequilíbrios ecológicos amplificados pelo aquecimento global, como o aumento da temperatura superficial das águas
Entre abril e maio, praias da Califórnia (EUA) foram cobertas por milhares de criaturas marinhas azuladas chamadas Velella velella, popularmente conhecidas como “velejadoras do vento”. Esse fenômeno natural formou um verdadeiro “tapete” azul brilhante sobre a areia, atraindo a atenção de turistas, cientistas e internautas pelas imagens compartilhadas nas redes sociais.
Embora visualmente atrativas, essas aparições em massa também despertaram alertas sobre o impacto das mudanças climáticas e das alterações oceânicas sobre a vida marinha.

O que são essas criaturas marinhas?
As Velella velella são colônias flutuantes compostas por múltiplos organismos, medindo até 10 centímetros de comprimento, que se deslocam sobre a superfície do mar por meio de uma “vela” translúcida triangular, que as impulsiona com o vento. Suas bases gelatinosas apresentam tons que variam entre azul e roxo profundo, o que contribui para seu visual marcante.
Apesar de pertencerem ao mesmo filo da caravela-portuguesa, essas criaturas marinhas são quase inofensivas aos humanos, causando apenas leve irritação em casos raros de contato direto. “Pode causar coceira se esfregar nos olhos, mas nada comparado à caravela. Ainda assim, é bom evitar contato com o rosto após manuseá-las,” explicou o biólogo Matthew Bracken, da Universidade da Califórnia, em Irvine.

O aparecimento dessas colônias em grande número é associado a mudanças normais e já esperadas de temperatura no oceano, ventos sazonais e correntes marítimas. Entretanto, segundo pesquisas recentes, eventos de aparição de alta intensidade, como observados esse ano, podem estar ligados a desequilíbrios ecológicos amplificados pelo aquecimento global.
O modelo de análise do estudo sugere que a temperatura da superfície do mar no inverno é um fator evidente por trás desses padrões. Ela foi significativamente mais alta do que a média climatológica durante e após o início da onda de calor marinha no nordeste do Pacífico, mas também entre 2003–2005.
Em comparação, os anos intermediários (2006–2014) foram predominantemente frios e careceram de registros de Velella, sugerindo que os blooms de Velella foram restritos (ou seja, com menor abundância), ou impedidos de chegar às praias após invernos mais frios e tempestuosos.