O principal objetivo da COP16 é definir um rumo claro para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade nos próximos anos
Empresas que utilizam recursos genéticos da natureza para fins comerciais e lucrativos terão que destinar parte de sua receita para um fundo de biodiversidade, conforme estabelecido pela COP16, retomada em Roma esta semana. Isso inclui indústrias como a farmacêutica, cosmética e de biotecnologia, que se beneficiam do chamado DSI (sigla em inglês para Informações de Sequência Digital sobre Recursos Genéticos).
A decisão foi celebrada como um avanço na captação de recursos privados para financiar a restauração de ecossistemas e a proteção de espécies ameaçadas, temas prioritários desta cúpula da ONU sobre biodiversidade.

“O Fundo Cali [como é conhecida a iniciativa] mobilizará novos fluxos de financiamento para ações de biodiversidade em todo o mundo, em apoio dos três objetivos da CDB [Convention on Biological Diversity, secretaria da ONU que lidera a cúpula]: a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável de seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios decorrentes do uso de recursos genéticos”, afirmou o CDB.
A conferência é considerada a contraparte das conferências climáticas anuais, como a COP30, que será realizada no Brasil em novembro de 2025. Sua primeira fase ocorreu no ano passado, em Cali, na Colômbia, mas teve as conversações suspensas por falta de quórum na etapa final.
De olho na conservação
Para Kaveh Zahedi, diretor de Clima, Biodiversidade e Meio Ambiente da agência, o principal objetivo da COP16 é definir um rumo claro para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade nos próximos anos, tanto em nível global quanto nacional e local.

Zahedi destacou que a biodiversidade é essencial para a produtividade, resiliência e sustentabilidade dos sistemas agroalimentares, sendo indispensável para a segurança alimentar a longo prazo. Além disso, enfatizou que esta reunião tem um papel fundamental em garantir recursos financeiros para viabilizar o Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, o maior acordo internacional para a conservação da fauna e da flora.