Por Alfredo MR LOPES
“A Silvicultura tem que se conectar à redução do uso dos combustíveis fósseis, tem que se traduzir como economia da reciclagem permanente e sempre deverá promover a economia circular”, inspirada no axioma de Lavoisier. Na “natureza nada se perde nada se cria tudo se transforma”. E tudo pode ser mimetizado.
Qual é a relação entre Quarta Revolução Industrial e a eclosão da Bioeconomia na Amazônia? Precisamos meditar, entender, aprofundar e implementar essa equação. Temos invocado, frequentemente, a Bioeconomia como a vocação mais coerente e ecológica da Amazônia, mas não colocamos reparo no alcance dessa aspiração. Nem sabemos direito como, onde é porque queimar nossa lenha da inovação. Podemos ilustrar com a Silvicultura – a despeito dos protestos apressados e desinformados de alguns ambientalistas – como o grande formatação de bionegócio da floresta, para o qual a demanda de inovação tecnológica é a maior premissa. Três critérios descrevem o alcance dessa vertente econômica de que tanto falamos. A Silvicultura tem que se conectar à redução do uso dos combustíveis fósseis, tem que se traduzir como economia da reciclagem permanente e sempre deverá promover a economia circular, inspirada no axioma de Lavoisier. Na “natureza nada se perde nada se cria tudo se transforma”. E tudo pode ser mimetizado. Ou seja, atividades como o Manejo Florestal Sustentável – em seus parâmetros de corte planificado – para justificar investimentos e auferir taxas atraentes de retorno precisam adotar como sagrados os critérios da energia renovável, da matéria-prima reciclável num contexto de circularidade econômica. O portfólio do Polo Industrial de Manaus é essencial para compatibilizar Bioeconomia e Indústria 4.0, as soluções inteligentes para uma vida mais prática, próspera e feliz. Esta é uma das prioridades da Suframa, sob a batuta de Alfredo Menezes e à disposição entusiasmada dos jovens empreendedores que invadiram recentemente a II Feira do Polo Industrial de Manaus, sob a coordenação de Antônio Azevedo do CODESE, Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Estratégico.
Velcro, a banda tecnológica do Carrapicho
Hoje a maior inspiração das tecnologias da funcionalidade industrial é a floresta. O Polo Industrial de Manaus, encravado no coração da floresta Amazônica, 1/5 do banco genético da Terra, tem a sua disposição estratégias e processos realizados pela natureza, a chamada Biomimese. A arquitetura dos designs arrojados tem como fonte de inspiração a harmonia, funcionalidade e interatividade do bioma na dinâmica florestal. Roupas de mergulhadores baseadas em biomoléculas das peles de peixe, clones de seringueira para nanosoluções de preservativos, pneumáticos e produtos cirúrgicos e o velcro, a grande invenção de Georges de Mestral, a partir da observação das estruturas das bandas tecnológicas do carrapicho. A lista de invenções inclui aviso, trem-bala, próteses e órteses de todo tipo, na forma, na configuração molecular e na sustentabilidade indispensável.
Reflorestar é semear oportunidades
Empresas de Itacoatiara, a 250 kms de Manaus, como a Precious Wood e a Agropecuária Aruanã, fornecem biomassa para as caldeiras da distribuição energética em Itacoatiara, a 250 kms de Manaus, incluindo a Hermasa, empresa que esmaga soja no município com substituição inteligente de combustíveis fósseis, o que demanda índices de reciclagem como a obstinação pelo reflorestamento da Aruanã, com várias espécies, e uma economia circular em condições de ampliar e diversificar negócios. Ali foi consolidada a vocação para a reposição florestal, item dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo do Clima. Essa cultura surgiu da obrigatoriedade das serrarias – existiam 8 no município – de plantar 10 árvores para cada indivíduo abatido, para consumo nas empresas. Ou seja, a planilha básica da diversificação da Bioeconomia está estruturada na região. Lâminas de biomassa, biocarvão para a agricultura, produção de energia, polpa de celulose, terebintina, design da madeira, tacos, movelaria, enfim, um parque tecnológico de produtos sustentáveis, como sempre sonhou o visionário Estevão Monteiro de Paula, a partir da madeira, reciclagem dos resíduos, um cardápio infindo de bionegócios.
Academia, economia e indústria
Na Finlândia, Canadá, ou demais países do Hemisfério Norte, algumas espécies demoram 6 a 8 décadas para alcançar o tempo de corte. Na Amazônia, a Sumaúma, uma leguminosa muito utilizada na produção de chapas, se habilita ao corte com 8 a 10 anos. E são espécies que se submetem sem problemas ao cultivo extensivo. Plantio de moedas. Nas redondezas desses celeiros de Bioeconomia existem dois campi universitário da Ufam e UEA, com capacidade ociosa de promover negócios da biodiversidade e atrair investimentos.Propagar espécies para proteger a floresta A Universidade Estadual do Amazonas é financiado integralmente pela Indústria e falta de parte a parte a iniciativa de aproximar interesses na equação inteligente Indústria, economia e academia. E se ali foi consolidada a vocação para o reflorestamento de espécies, em Manaus, a indústria também patrocinou a implantação do Centro de Biotecnologia da Amazônia, uma ideia que ainda não vingou apesar de seus 20 laboratórios aptos, se recuperados, a prestar suporte aos negócios da Bioeconomia. Um deles é o laboratório de propagação, capaz de, a partir do tecido da espécie pretendida, multiplicar a exaustão os respectivos clones para reflorestamento/aproveitamento bioeconômico. O que está faltando?
Alfredo Lopes é escritor amazonense, com 11 títulos sobre a Amazônia, formado em Filosofia com pós-graduação em Administração e Psicologia da Educação. Professor na PUC SP, de 1977 a 1996, UFAM, Metodista, Universidade de Salerno, Itália, atualmente docente colaborador na USP para assuntos amazônicos. Consultor do BID, Grupo Simões e CIEAM e diretor da FIEAM
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