“No período de seca de 2024, aproximadamente 97 mil contêineres foram desembarcados em Manaus. Se todos tivessem pagado a taxa de R$ 23 mil, o custo total teria chegado a R$ 2,2 bilhões. Esses seriam os custos da seca, um peso extra que só não se concretizou graças à presença de grandes empresas – são 38 com mais de mil trabalhadores, segundo o Ministério do Trabalho”
Falta aos entes governamentais brasileiros uma cultura de fornecimento de informações para as melhores decisões empreendedoras. Diante disso, entidades empresariais precisam realizar suas próprias estimativas. Assim faz o Cieam com a taxa da seca. Amém este ano será o último em que ela é mencionada.
Em 2023 a Seca acrescentou R$ 1,5 bilhão ao nosso custo logístico. Certamente algum custo adicional sempre teremos devido à distância dos grandes centros produtores e consumidores. Por isso os incentivos. Todavia, nossas vias recebessem a atenção devida, os fluxos seriam eficientes a ponto de gerar maior valor à nossa população. O governo federal, que já extrai do Amazonas a maior arrecadação per capita dos estados das regiões Norte e Nordeste, arrecadaria ainda mais.
Os custos de 2023 incluíam a taxa da seca, que não era novidade, e os custos extraordinários pelo uso dos portos anteriores, como Vila do Conde, Pecém, Suape e até uns no Caribe, pelo transbordo e estadia. Naquele ano houve muita quebra de contrato, entregas não realizadas na black friday e natal. Estas perdas não foram estimadas.
Em 2024 temos os mesmos R$ 1,5 bilhão. O mesmo número, mas muito menor. A seca perdurou por quase o dobro do tempo de 2023, e o câmbio estava mais caro a nos penalizar o frete em dólar. Certamente não fossem as soluções logísticas provisórias em Itacoatiara os custos teriam sido bem maiores. Em 2024 quase não houve quebra de contrato, mas quase todas as fábricas anteciparam o ciclo produtivo. Aumenta o estoque, aumenta a necessidade de capital de giro, com seu correspondente custo financeiro. Esse custo foi estimado à parte daquele R$ 1,5 bilhão. O valor: R$ 846 milhões.
Somente foi possível estimar esses números devido a dedicação e confiança de alguns executivos industriais. Eles perceberam que era necessário preencher a lacuna informacional dos entes governamentais. Entenda, leitor: As taxas adicionais anunciadas pelos armadores são a “preços de balcão”. Uma realidade que somente prevalece a quem tem pouco poder de compra ou pouquíssimas informações e tempo de atividade na região. Entre armadores e importadores há negociações individuais, que permitem reduzir a tarifa.
No período de Seca de 2024 aproximadamente 97 mil contêineres foram desembarcados em Manaus. Todos eles tivessem pagado a taxa de R$ 23 mil, o custo total teria sido de R$ 2,2 bilhões. Esse seria o custo extra caso não tivéssemos grandes empresas – são 38 acima de mil trabalhadores, segundo o Ministério do Trabalho. Grandes importadores que conseguiram usar seus volumes individuais para negociar a taxa. Tivéssemos apenas pequenas e médias empresas, ninguém aqui teria condições de negociar com os armadores.
Essa dinâmica de preços é presente em absolutamente todos os mercados, até o financeiro. É mais forte onde não há padronização. Ou quando as estruturas de mercado são assimétricas. A logística de longo curso é marcada por oligopólio a nível global. A resposta possível é que os importadores se organizem e formem um oligopsônio. Não necessariamente traria conflito, mas troca de informações e eficiência.
Enquanto isso, vamos conquistar dos entes governamentais a devida atenção à Amazônia. De 2026 em diante os navios zarparão da Ásia seguros de encontrar o devido calado por todo o Amazonas até Manaus, e não mais haverá taxa da seca. Amém!