A importância da Agenda ESG para o Polo Industrial de Manaus diante das Tendências Globais

Portanto, é essencial que as indústrias de Manaus mantenham seu compromisso com a agenda ESG, reconhecendo que, apesar de desafios e pressões externas, a sustentabilidade permanece o alicerce fundamental na identidade da ZFM, nosso modo de promover o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental na Amazônia

As relações entre o Brasil e os Estados Unidos remontam a mais de dois séculos, com marcos significativos como o reconhecimento da independência brasileira pelos EUA em 1824. No início do século XX, o Barão do Rio Branco, então Ministro das Relações Exteriores, buscou estreitar os laços com os Estados Unidos, visando garantir ao Brasil vantagens no cenário internacional e nas relações sul-americanas.

Atualmente, observa-se nos Estados Unidos um movimento anti-ESG (ambiental, social e governança), impulsionado por setores ultraconservadores. Esse movimento tem gerado um “silêncio verde”, onde empresas temem associar-se a iniciativas ambientais devido a pressões políticas e sociais. Grandes instituições financeiras norte-americanas, como os seis maiores bancos e a BlackRock, têm se retirado de alianças internacionais voltadas para a redução de emissões de gases de efeito estufa, refletindo uma agenda desregulatória e uma ofensiva contra práticas de investimento sustentável.

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Anti – ESG

Há poucas semanas, o governo francês solicitou à União Europeia uma “pausa regulatória” e a simplificação das normas relacionadas às práticas ESG, argumentando que tais regulamentações podem prejudicar o crescimento econômico. A França propôs, por exemplo, o adiamento da implementação da revisão das exigências do acordo de Basileia III e a criação de uma nova categoria para empresas de médio porte, visando aliviar sua carga regulatória. Além disso, sugeriu a suspensão indefinida de normas sobre padrões ambientais e de direitos humanos na cadeia de suprimentos, alegando serem onerosas para as empresas.

No Brasil, a elite empresarial, até aqui,  demonstra um compromisso crescente com a agenda ESG. Uma pesquisa realizada pela Amcham Brasil e Humanizadas revelou que 82% dos empresários brasileiros acreditam na liderança ativa dos CEOs na implementação de práticas ESG.

Além disso, o Anuário Integridade ESG 2024, lançado pela Fundação Getulio Vargas, destacou as 100 empresas brasileiras mais comprometidas com práticas de sustentabilidade, responsabilidade social e governança corporativa.

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ESG nas indústrias

Para o Polo Industrial de Manaus, que busca avançar na agenda ESG, é vital estar atento a essas tendências internacionais e ao posicionamento da elite empresarial brasileira. A adoção de práticas ESG fortalece a reputação corporativa e assegura a competitividade em mercados globais que valorizam a sustentabilidade. Embora haja movimentos internacionais visando à flexibilização das exigências ESG, como o da França, e as pressões do governo Trump, é importante que as indústrias de Manaus mantenham seu compromisso com essa agenda, reconhecendo que a sustentabilidade permanece um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.

A Comissão de ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) tem desempenhado um papel fundamental na promoção dessas práticas, desenvolvendo projetos pautados nos pilares de ESG em conjunto com os participantes da comissão e associados, estimulando o benchmarking de boas práticas e relevantes compromissos. Eventos como o II Fórum de ESG Amazônia: Desenvolvimento Sustentável na Indústria, na perspectiva  da COP30, a ser realizado em março de 2025, em conjunto com a SUFRAMA, reforçam o compromisso do Polo Industrial de Manaus com o desenvolvimento sustentável na região e fortalece o mutirão de parcerias em torno da Agenda. 

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Portanto, é essencial que as indústrias de Manaus mantenham seu compromisso com a agenda ESG, reconhecendo que, apesar de desafios e pressões externas, a sustentabilidade permanece o alicerce fundamental na identidade da ZFM, nosso modo de promover o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental na Amazônia.

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Régia Moreira Leite
Régia Moreira Leite
Régia Moreira Leite é conselheira e diretora da FIEAM.

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