Abelhas sem ferrão ajudam a frear desmatamento na Amazônia e trazer renda por meio da meliponicultura

No bioma amazônico, existem 114 espécies dessas abelhas sem ferrão, representando cerca de 19% das espécies conhecidas mundialmente

A meliponicultura, que consiste na criação de abelhas sem ferrão, tem sido promovida na Amazônia pelo projeto Amigo das Abelhas da Amazônia, do Instituto Peabiru, desde 2007. A iniciativa capacita moradores ribeirinhos para manejar abelhas nativas, essenciais para a polinização da floresta, e mostra que as soluções locais, protagonizadas por quem vive na própria floresta, são essenciais.

No bioma amazônico, existem 114 espécies dessas abelhas, representando cerca de 19% das espécies conhecidas mundialmente. Elas são de grande porte, dóceis e inofensivas, o que facilita seu manejo. Os meliponários são instalados diretamente nas casas das comunidades, promovendo educação ambiental, mudanças de hábitos e fortalecimento da consciência ecológica entre os moradores.

As abelhas-sem-ferrão podem ser peça chave para polinização do cacau de forma manual, forma valiosa de aumentar o cultivo da matéria-prima
As abelhas-sem-ferrão podem ser peça chave para polinização do cacau de forma manual, forma valiosa de aumentar o cultivo da matéria-prima | Foto: SINTROPEPE/WIKIMEDIA COMMONS

Atualmente, mais de 120 produtores em 20 comunidades do Pará e do Amapá já foram capacitados na meliponicultura pelo projeto Amigo das Abelhas da Amazônia, e a prática tem se consolidado como uma alternativa de renda sustentável para os ribeirinhos.

“Trabalhar com a abelha é algo muito gratificante, porque sem elas a natureza não sobrevive. Além disso, a presença dos meliponários fez com que muitas áreas deixassem de ser desmatadas para dar lugar ao plantio de novas espécies nativas”, contou Carlos Teles à CNN, agricultor e um dos produtores beneficiados pelo projeto.

Floresta preservada por meio das abelhas sem ferrão

A relação entre as abelhas sem ferrão e a floresta é de interdependência: as colmeias só prosperam com a vegetação nativa preservada, o que transforma a percepção das comunidades locais. Em vez de enxergar a floresta como um recurso a ser explorado, os moradores passam a vê-la como uma parceira essencial para a geração de renda e bem-estar. Como destacou Carlos, morador participante do projeto, o cultivo de plantas como o urucum para apoiar a produção de mel reforça o compromisso com a preservação ambiental, consolidando a meliponicultura como um caminho sustentável.

Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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