Estudo das empresas Schneider Electric e Systemiq mostra que o Brasil pode unir inovação, agroindústria e sustentabilidade para liderar o mercado global de bioenergia até 2050.
O Brasil desponta como um dos principais candidatos à liderança global na produção de bioenergia até 2050, com potencial para triplicar sua participação na matriz energética mundial e gerar até 760 mil novos postos de trabalho até 2030. A projeção é de um estudo da Schneider Electric, em parceria com a consultoria Systemiq, que analisa os impactos da transição energética sobre o mercado de trabalho no país.
Atualmente, o Brasil concentra 26% dos empregos globais em bioenergia, segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), com 1,16 milhão de trabalhadores atuando em toda a cadeia, desde a produção agrícola até o transporte.
Com o crescimento da demanda por combustíveis líquidos de baixo carbono, como etanol, biodiesel, biometano e combustível sustentável de aviação (SAF), o país tem espaço para expandir a geração de energia renovável de base agrícola e consolidar sua liderança no setor.
Segundo o estudo, a produção de biomassa poderá gerar mais de 530 mil vagas diretas e movimentar até R$ 216 bilhões na economia. A indústria e a logística somariam outras 204 mil oportunidades, diretas e indiretas. Contudo, o avanço depende de infraestrutura, marcos regulatórios claros e investimento em tecnologia.
Apesar das vantagens competitivas — como a forte presença agrícola e domínio em etanol e biodiesel — o país enfrenta desafios. A escassez de profissionais qualificados em áreas como automação industrial, manutenção, rastreabilidade de carbono e cibersegurança pode frear a expansão. Até o fim da década, será necessário qualificar cerca de 450 mil trabalhadores.
A transição energética pode também alterar a geografia do emprego, ampliando vagas em áreas rurais e fomentando cadeias produtivas nacionalizadas. No entanto, para garantir que essa expansão ocorra de forma sustentável, será fundamental investir em uso eficiente do solo, reabilitação de áreas degradadas e comprovação da redução de emissões.
Segundo o estudo, a competitividade da bioenergia no Brasil dependerá da combinação entre escala, eficiência produtiva e comprovação de sustentabilidade ambiental.