“Um novo tempo em que a Amazônia assume protagonismo nas soluções para o planeta, e a Zona Franca de Manaus se posiciona como elo entre a floresta e o mundo.”
Coluna Follow-Up
Quando a história pedir contas do que fizemos pela Amazônia e pelo Brasil no início deste século, caberá à indústria demonstrar que estava do lado certo: não apenas da floresta em pé, mas também do povo de pé. Essa é a essência do novo ciclo em gestação no Polo Industrial de Manaus: diversificar, adensar e regionalizar sua base produtiva com os olhos voltados para o interior da Amazônia, onde brotam as matérias-primas do futuro e pulsa a juventude que pode liderar uma transformação sem precedentes.
Trata-se de um redesenho ambicioso da economia regional
Não basta mais manter o que já temos. É preciso ousar mais. O coração fabril da Zona Franca de Manaus, hoje responsável por mais de 80% na indução do PIB de base industrial do estado, precisa bombear oportunidades para o interior, promovendo o que chamamos de adensamento com sentido, diversificação com propósito e regionalização com dignidade.
Interiorizar para integrar
Essa transformação exige o que as fábricas já estão fazendo: deixem de olhar apenas para dentro de seus muros começando a dialogar com a floresta, com os saberes tradicionais e, sobretudo, com a juventude do interior do Amazonas. Hoje, as empresas do Polo repassam aproximadamente cerca de R$ 4 bilhões a programas de fomento científico, educacional visando atividades econômicas de interiorização e cobram o retorno desta contribuição. Parte significativa desse montante é destinada à Universidade do Estado do Amazonas (UEA), maior universidade multicampi do país, presente em todos os municípios do estado. É preciso integrar
Universidade, juventude e floresta: o tripé da nova economia
Ao integrar universidade e indústria, estamos plantando a semente de uma nova bioeconomia amazônica, baseada em conhecimento, inovação e valores socioambientais. Os jovens do interior não precisam mais migrar para os centros urbanos em busca de oportunidades. A fábrica pode chegar até eles — ou melhor, nascer com eles, a partir de seus contextos, saberes e potencialidades.

Essa nova lógica já está em movimento. A Expo UEA Innovation e a realização do Bioeconomy Amazon Summit 2025, com sede em Manaus às vésperas da COP 30, representam não apenas eventos pontuais, mas sinais de um novo tempo. O tempo em que a Amazônia assume protagonismo nas soluções para o planeta, e a Zona Franca de Manaus se posiciona como elo entre a floresta e o mundo.
Um pacto amazônico de desenvolvimento
Esse futuro exige articulação. Exige um pacto entre as forças produtivas, as instituições de ciência e tecnologia, os governos e os povos da floresta. A utopia amazônica não se realizará com slogans ou improvisos. Ela precisa de metas, planos, governança e continuidade. Precisa de investimentos, sim — mas também de propósito, de coragem e de imaginação política.
A Zona Franca não é o fim da estrada. Ela é a plataforma de lançamento de uma nova industrialização verde, descentralizada, justa e comprometida com a soberania e o bem viver dos povos da Amazônia. E, neste projeto, a universidade é mais do que uma parceira: é a bússola.
Estamos, finalmente, compreendendo que a floresta em pé não é obstáculo, mas vantagem comparativa. Que o jovem amazônida não é vulnerável, mas potência criativa. E que o verdadeiro progresso não será medido apenas em toneladas produzidas, mas em vidas transformadas com dignidade, justiça e sentido coletivo.
Coluna Follow Up é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras pelo Jornal do Comércio do Amazonas, sob a responsabilidade do CIEAM, E coordenação do editorial de Alfredo Lopes, e editor do portal https://brasilamazoniaagora.com.br
