“A Zona Franca de Manaus deixará a arena do Congresso Nacional como acerto econômico, ambiental e social, além de um compromisso com a construção de uma sociedade regional e integrada, de forma mais justa, sustentável e próspera. Que venha o futuro!”
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
Depois de uma jornada tensa e extenuante, marcada por debates acirrados e defesa estratégica, os atores que representam a Zona Franca de Manaus (ZFM) conseguiram, mais uma vez, mostrar ao Brasil a relevância deste modelo como política de redução das desigualdades regionais. Temos reconhecido o trabalho do senador Eduardo Braga na relatoria heróica e Omar Aziz na articulação decisiva, e uma equipe competente na retaguarda, que será objeto de outras reflexões.
Esta conquista, uma história de ousadia e lealdade cívica, que merece reconhecimento e aplauso, é também um marco na longa história de resistência do Amazonas e da Amazônia Ocidental. Contudo, o momento de celebração é breve, pois o futuro exige ação imediata e consistente. O ano de 2073 nos espera, e os desafios começam agora.
O Fim de um Ciclo e o Início de Outro
Este momento histórico exige uma reflexão aprofundada sobre os últimos passos dessa jornada e o que ela nos ensina sobre a luta pela integração do Amazonas ao Brasil. As conquistas da Zona Franca precisam ser mapeadas e reforçadas, enquanto os percalços devem ser enfrentados com coragem e inovação. Este não é o fim, mas um ponto de partida para consolidar avanços e abrir novos caminhos.
Os próximos passos exigem planejamento e comprometimento. A ZFM precisa de uma governança renovada, compartilhada, capaz de garantir a aplicação eficaz dos recursos gerados em benefício das populações locais. É fundamental assegurar que os incentivos fiscais, sustentados pelo sacrifício de todos os brasileiros, se revertam em ações concretas para o bem-estar social e a preservação ambiental.
Educação e Ciência: O Assoalho do Futuro
O desenvolvimento da economia da Zona Franca de Manaus é indissociável da formação de recursos humanos e do investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). A educação, especialmente em áreas estratégicas como logística, bioeconomia, tecnologia e sustentabilidade, precisa ocupar o centro das políticas públicas da região.
A Amazônia é um laboratório natural de dimensões inigualáveis, com potencial de gerar soluções que beneficiem tanto a região quanto o planeta. Aqui estão as respostas só precisamos caprichar as perguntas de uma utopia compartilhada, próspera e sustentável. A floresta em pé deve ser a base para a criação de novos ativos econômicos, desde fármacos até tecnologias verdes. Para isso, é necessário um ecossistema de inovação que conecte universidades, empresas e comunidades, priorizando a pesquisa aplicada e a valorização dos saberes tradicionais.
Infraestrutura e Sustentabilidade
Para que o Amazonas possa prosperar, é indispensável resolver os gargalos de infraestrutura que dificultam a logística e a interiorização das atividades econômicas. Investimentos em portos, estradas, hidrovias e telecomunicações precisam ser alinhados a critérios de sustentabilidade, garantindo que o desenvolvimento econômico não comprometa a integridade ambiental.
A diversificação econômica da ZFM é outro eixo central. E ela precisa ser cada vez mais esverdeada. A planta industrial de Manaus precisa ser abastecida com insumos, bioativos, polímeros, assegurados por núcleos De produção e beneficiamento em conexão com as demandas industriais. O modelo precisa adensar suas cadeias produtivas e expandir suas atividades para o interior, promovendo a inclusão social e a redução das desigualdades intra-regionais. A bioeconomia, com sua capacidade de transformar a biodiversidade em riquezas sustentáveis, deve ser a espinha dorsal dessa nova fase.
Governança e Compromisso Social
Uma governança eficiente requer transparência, responsabilidade e comprometimento. Os recursos gerados pela ZFM devem ser aplicados com rigor em projetos que beneficiem diretamente a população local. Isso inclui investimentos em saúde, educação, segurança e infraestrutura básica. Enquanto acompanhava o debate da reforma tributária, os nativos tinham certeza de que a maioria dos representantes políticos ali presentes desconhece Que, por causa da Zona Franca de Manaus, o Amazonas é um dos principais contribuintes da Receita Federal.
Além disso, a ZFM precisa Fazer mais barulho, investir em Comunicação e prestar contas aos contribuintes que estão na base da contrapartida fiscal deste programa de desenvolvimento. Precisa também ser mais competente na divulgação de suas oportunidades. Ainda somos um Brasil que o Brasil ignora, as vezes de propósito. Entretanto, compete aos nativos consolidar a posição Deste extraordinário acerto de política fiscal como um modelo de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Isso implica em um diálogo constante com a sociedade brasileira e internacional, demonstrando que é possível gerar riquezas sem destruir a floresta.
Revisitar a Floresta com a Ciência e a Tecnologia
A floresta amazônica é uma fonte inesgotável de inspiração e possibilidades. O futuro da ZFM depende de sua capacidade de revisitar a floresta com os olhos da ciência e da tecnologia, utilizando seus recursos de forma inteligente e sustentável. Essa abordagem – enquanto luta pela infraestrutura verde de que precisa – requer investimentos em biotecnologia, energias renováveis e agricultura sustentável, entre outras áreas.
A renovação permanente da floresta deve ser um compromisso inegociável. A ciência e a inovação são nossas melhores ferramentas para transformar a biodiversidade em soluções econômicas e sociais, respeitando os limites naturais e promovendo a regeneração dos ecossistemas.
ZFM, referência e desafio de prosperidade
O “dia seguinte” da Zona Franca de Manaus começa com a responsabilidade de construir um modelo de desenvolvimento que seja referência global em sustentabilidade. Com os alicerces certos – educação, inovação, infraestrutura e governança – a ZFM pode se tornar um exemplo de como a floresta em pé é mais valiosa do que qualquer modelo predatório.
Este é o momento de arregaçar as mangas, superar os desafios e reafirmar que o desenvolvimento da Amazônia pode ser integrado ao restante do Brasil sem comprometer sua riqueza ambiental e cultural. A ZFM deixará a arena do Congresso Nacional como acerto econômico, ambiental e social, além de um compromisso com a construção de uma sociedade regional e integrada, de forma mais justa, sustentável e próspera. Que venha o futuro!
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora
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