Essa reflexão destaca os esforços e desafios de alinhar o desenvolvimento econômico da Amazônia aos parâmetros ESG, mostrando que a integração entre mineração e preservação ambiental pode ser uma das chaves para o futuro sustentável da região e uma mensagem potente para a COP 30.
Por Rildo Silva
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Coluna Follow-Up
Com a COP 30 se aproximando, a ser realizada em Belém, o olhar da comunidade internacional se volta para a Amazônia, um bioma de importância global, cuja preservação é vital para o equilíbrio climático e a biodiversidade do planeta. Neste cenário, o Polo de Eletroeletrônicos de Manaus e a indústria de mineração ganham destaque ao se posicionarem como setores decisivos para um modelo de desenvolvimento sustentável que promova a conservação da floresta em pé e a integração social.
Durante a conferência recente organizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), patrocinada por empresas como Vale, Itaú e Alcoa, o conceito de “nova mineração” foi amplamente discutido. A ideia é que a mineração na Amazônia possa seguir um modelo de baixo impacto, alinhado com práticas sustentáveis e capaz de estimular a bioeconomia local. A meta não é apenas extrair recursos, mas também investir no fortalecimento do tecido social e econômico da região, respeitando os saberes tradicionais e os direitos dos povos originários.
Polo Eletroeletrônico e a diversificação produtiva
O Polo de Eletroeletrônicos de Manaus, que já se destaca em produtividade e diversificação, reforça o potencial da Zona Franca de Manaus (ZFM) em ser um dos principais aliados da agenda ESG e das metas climáticas. Esse setor se mostra como um exemplo de como a industrialização e o desenvolvimento econômico podem coexistir com a preservação ambiental, promovendo inovação tecnológica e geração de emprego.
Restauração e compensação, compromissos fundamentais
O evento destacou a necessidade de medidas práticas para minimizar os impactos ambientais da mineração. Claudia Salles, gerente de sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), apontou para o conceito de “desmatamento líquido zero” como um caminho viável. A compensação dos impactos por meio do reflorestamento e da recomposição de áreas degradadas é vista não apenas como uma obrigação, mas como um modelo de negócio que agrega valor à mineração sustentável.
A ideia de restauração é fundamental para que a mineração contribua de forma efetiva para o desenvolvimento da Amazônia, sem comprometer a integridade do bioma. Iniciativas como o Fundo Vale, que investiu R$ 74 milhões em projetos de sustentabilidade, incluindo o fortalecimento de cadeias produtivas de castanha e açaí, refletem o compromisso do setor privado com essa visão de desenvolvimento.
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Economia circular e integração da Bioeconomia
A bioeconomia foi apontada como uma oportunidade de ouro para integrar a mineração e outros setores da indústria florestal de forma sustentável. Projetos como a Jornada Amazônia, que capacita talentos e apoia startups de impacto social, demonstram que a floresta pode ser a base de um sistema econômico onde a produção de bens e serviços se alia à conservação ambiental. A Plataforma Digital Twin da Floresta, mencionada durante o evento, ilustra como a tecnologia pode facilitar a negociação de produtos da bioeconomia, como a castanha e o açaí, promovendo a inovação e o respeito ao meio ambiente.
Em novos parâmetros
A COP 30 representa uma oportunidade para que o Brasil apresente ao mundo um modelo de mineração que vá além da extração de recursos. A proposta de uma “mineração para a floresta” sugere que é possível impulsionar o desenvolvimento da região com tecnologias de baixo impacto e práticas regenerativas, integrando as comunidades locais e respeitando o ambiente.
A mineração, alinhada com os princípios da economia circular e a proteção da biodiversidade, pode ser um dos alicerces de uma Amazônia sustentável. Com investimentos em inovação, restauração e bioeconomia, e com o compromisso de empresas do Polo de Eletroeletrônicos e da ZFM, a Amazônia tem o potencial de ser um exemplo global de como a indústria pode colaborar para manter a floresta em pé, beneficiando tanto as gerações presentes quanto as futuras.
Rildo Silva é empresário e presidente do SINAEES – Sindicato da Indústria de Aparelhos EletroEletrônicos e Similares e membro da Comissão ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.