Organização diz que América Latina e Caribe tiveram as maiores quedas do tamanho médio das populações de vida selvagem
Os próximos cinco anos vão determinar o futuro da vida na Terra. É o que aponta o Relatório Planeta Vivo, publicado pela organização não governamental (ONG) World Wide Fund for Nature (WWF) nesta quinta-feira (10). O documento alerta para o “declínio catastrófico” de 73% do tamanho médio das populações de vida selvagem nos últimos 50 anos (1970-2020). Só a América Latina e Caribe viram cair 95% dessas populações.
O declínio maior na vida selvagem ocorre nos ecossistemas de água doce, que apresentam redução de 85%, seguido pelos terrestres, que decresceram 69%. A vida marinha caiu 56%.
O relatório se baseia no Índice Planeta Vivo (IPV), fornecido pela SZL (Sociedade Zoológica de Londres) e que inclui quase 35.000 tendências populacionais de 5.495 espécies monitoradas. Ele ressalta que a Terra se aproxima de pontos de não retorno perigosos, que representam graves ameaças para a humanidade. Além disso, deixa claro que, à medida que a o planeta se aproxima desses pontos de ameaça, maior esforço coletivo será necessário para enfrentar as crises climáticas e naturais. A margem é curta para inverter a tendência: a análise afirma que tudo depende do que acontecer nos próximos cinco anos.
Por outro lado, o índice revela algumas populações que se estabilizaram ou cresceram graças a esforços eficazes de conservação, como o aumento de cerca de 3% ao ano entre 2010 e 2016 da subpopulação de gorilas-das-montanhas nas montanhas Virunga, na África Oriental e a recuperação das populações de bisão-europeu na Europa Central. No entanto, sucessos isolados não são suficientes.
Por que os pontos de não-retorno nos afetam?
Kirsten Schuijt, diretora geral do WWF Internacional, alerta: “A natureza está emitindo um pedido de socorro. As crises interligadas de perda da natureza e mudanças climáticas estão empurrando a vida selvagem e os ecossistemas além de seus limites, com pontos de não retorno globais que ameaçam danificar os sistemas de apoio à vida na Terra e desestabilizar as sociedades. As consequências catastróficas de perder alguns dos nossos ecossistemas mais preciosos, como a Floresta Amazônica e os recifes de corais, seriam sentidas por pessoas e pela natureza ao redor do mundo.”
Segundo a WWF, quando os sistemas da natureza ultrapassam um ponto de não-retorno, às vezes isso se reflete em nível local, como o colapso das populações de peixes que leva à perda de empregos e à redução da renda nas comunidades costeiras. Mas também existe o risco de impactos em escala global, que podem ameaçar todos os suprimentos de alimentos, provocar desastres generalizados, como incêndios e inundações, e desestabilizar economias e sociedades em todos os lugares.
“Embora a situação seja desesperadora, ainda não ultrapassamos o ponto de não retorno. Temos acordos globais e soluções para colocar a natureza no caminho da recuperação até 2030, mas até agora houve pouco progresso e falta de urgência. As decisões tomadas e as ações realizadas nos próximos cinco anos serão cruciais para o futuro da vida na Terra. O poder − e a oportunidade − estão em nossas mãos para mudar o rumo. Podemos restaurar nosso planeta vivo se agirmos agora”, pontua Schuijt.
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