Compra de crédito de carbono tem como objetivo apoiar a conservação florestal da amazônica. As empresas buscam compensar suas emissões de carbono, ao mesmo tempo em que financiam ações para reduzir o desmatamento na região
Amazon e Bayer uniram forças com outras quatro grandes empresas para adquirir US$ 75 milhões em créditos de carbono da floresta amazônica, no estado do Pará. Esse acordo, que também inclui consultorias e gigantes do varejo, marca um avanço significativo na preservação ambiental da maior floresta tropical do mundo. A compra coletiva faz parte de um esforço global de conservação, onde o governo do Pará espera arrecadar mais US$ 105 milhões por meio da venda de créditos adicionais para outras companhias interessadas em reduzir suas pegadas de carbono.
As seis empresas envolvidas na transação são Amazon, Bayer, BCG (Boston Consulting Group), Capgemini, H&M e a Fundação Walmart. O grupo comprará 5 milhões de créditos de carbono ao preço de US$ 15 por crédito, um valor três vezes maior que a média do mercado de créditos de carbono ligados à natureza, que estava em US$ 4,49 na semana passada, segundo a Allied Offsets. Os pagamentos serão destinados ao governo do Pará em outubro de 2025.
O governador Helder Barbalho anunciou o acordo durante a Semana do Clima em Nova York, destacando que esse é o primeiro grande negócio de carbono realizado pela Coalizão LEAF na Amazônia, uma iniciativa lançada pela Amazon em 2021. A coalizão conecta estados da Amazônia Legal a empresas e governos estrangeiros que buscam compensar suas emissões de carbono, incluindo Estados Unidos e Reino Unido.
Como funcionam os créditos de carbono na Amazônia?
A transação faz parte do mercado de carbono jurisdicional, que utiliza uma linha de base de desmatamento, calculada com base na média anual entre 2017 e 2021. O estado do Pará gera créditos de carbono para cada tonelada de emissão de carbono evitada em relação a essa média.
Ou seja, se até o final de 2024 o Pará conseguir reduzir 1 milhão de toneladas de carbono em comparação com a média anual de 2017 a 2021, poderá comercializar até 1 milhão de créditos de carbono. A venda anunciada refere-se à redução de desmatamento em 2023, um importante avanço em um estado que tem sido historicamente o epicentro do desmatamento no Brasil.
Impactos ambientais
O acordo é visto como uma vitória tanto para a conservação da floresta quanto para as empresas que buscam demonstrar compromisso com a sustentabilidade. A preservação da Amazônia é crucial no combate às mudanças climáticas, já que as árvores da floresta atuam como enormes sequestradoras de carbono, retirando CO₂ da atmosfera.
Apesar do aumento da demanda por iniciativas de compensação ambiental, a procura por créditos de carbono tem oscilado no mercado global. Contudo, grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Meta e Google, já compraram créditos de carbono no Brasil este ano, mostrando que o interesse em proteger a Amazônia continua alto.
Além dos 5 milhões de créditos já adquiridos, o governo do Pará oferecerá mais 7 milhões de créditos a outras empresas. Países como Estados Unidos, Reino Unido e Noruega se comprometeram a comprar parte desses créditos se as empresas não o fizerem.
Com isso, Pará será palco da próxima Conferência do Clima (COP30) em 2025, o que reforça a importância dessa transação para a credibilidade ambiental do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem como prioridade reverter o cenário de desmatamento que marcou os últimos anos e restaurar a imagem do Brasil como líder em preservação ambiental.
De janeiro a agosto de 2023, a área desmatada no Pará foi 20% menor do que no mesmo período do ano anterior, embora o estado continue sendo um dos mais afetados pelo desmatamento. Os dados preliminares do governo mostram que a queda nas taxas de desmatamento pode ser um indicativo positivo de que iniciativas como essa têm o potencial de preservar a floresta e, ao mesmo tempo, oferecer alternativas econômicas para a população local.
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