“Momento seguinte começam em Manaus e em São Paulo os Workshops sobre Bioeconomia, sob a batuta de Adalberto Val, Jacques Marcovitch, Vanessa Pinsky, com foco nas Cadeias de Valor do Açaí, Cacau, Pirarucu e da Meliponicultura na Amazônia Brasileira. INPA, USP, UEA, UFAM, UFPA e muitos outros institutos e pesquisadores convidados. Daí, em junho de 2024, foi lançada a emblemática questão que irá ressoar por toda a Amazônia. BIOECONOMIA PARA QUEM?”
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
O Livro Bioeconomia para quem?, com a contribuição robusta de 32 colaboradores e pensadores, muitos deles envolvidos com este novo desafio da questão amazônica, para responder à questão que norteou seus atores, desembarca na função social da Bioeconomia na Amazônia. A obra tem o suporte das seguintes instituições da USP, INPA,UFPA e Peabiru, com a participação do Museu Emilio Goeldi, no Pará, e da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, apoio da FAPEAM, FAPESP, CNPq.
Uma breve introdução da obra
No início da obra já nos deparamos com um texto introdutório dos próprios organizadores que discutem a abrangência e complexidade da bioeconomia. Eles destacam que a bioeconomia engloba uma enormidade de faces e aspectos que precisam ser considerados, incluindo a biomassa, a cadeia sucroenergética e os desdobramentos industriais. O foco principal do livro é explorar melhor – o que pode parecer senso comum, mas que é algo que precisa de muito aprofundamento ainda – como a bioeconomia pode promover o uso sustentável da biodiversidade e gerar produtos de valor agregado, além de maximizar os serviços ecossistêmicos.
Val e Marcovitch enfatizam a função social da bioeconomia, especialmente na Amazônia, onde as desigualdades e carências são mais pronunciadas. Eles argumentam que a bioeconomia deve não apenas preservar a biodiversidade, mas também garantir o bem-estar das comunidades tradicionais que dependem da floresta. A introdução menciona a importância da segurança alimentar, da justiça social e da necessidade de políticas públicas eficazes para enfrentar desafios como a insegurança pública e a contaminação ambiental.
“A região Norte, mais do que as outras, apresenta desigualdades e carências em proporções crescentes e cada vez mais perigosas. Por isso, talvez fosse melhor uma conceituação única e simples, estabelecendo-se que a bioeconomia abrange ações econômicas focadas no bem-estar humano e relacionadas com a proteção da biodiversidade, os produtos florestais, a pesca e as tecnologias limpas.”
Os organizadores também discutem a relevância de integrar a bioeconomia com iniciativas de pagamento por serviços ambientais (PSA) e outras formas de financiamento externo para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e a poluição por mercúrio. A bioeconomia, segundo os autores, deve ser inclusiva, beneficiando diretamente as populações locais e contribuindo para um desenvolvimento sustentável e equitativo.
O livro pode ser acessado gratuitamente por download
no site da Universidade de São Paulo, veja clicando aqui
Construção histórica
Este livro começou a ser escrito em agosto de 2013, no programa de Doutorado da FEA/USP, sobre os Pioneiros e Empreendedores do Brasil, que gerou uma exposição museológica itinerante, com destaque no Amazonas para a saga de Samuel Benchimol e família na história vitoriosa do desenvolvimento regional na Amazônia. Marcovitch e Val foram a retaguarda e a vanguarda dessa jornada.
No encerramento da etapa Manaus, CIEAM e a FIEAM participaram efetivamente, na organização e apoio do seminário: “O que os Pioneiros da Amazônia inspiram na construção do futuro”. O evento reuniu 70 atores, representativos de 35 entidades, instituições e empreendedores que desenharam os cenários mais coerentes com a vocação econômica e socioambiental da Amazônia. Estavam presentes dois ilustres remanescentes desta saga de heróis de nossa resistência, os pioneiros Moysés Israel e Mário Guerreiro.
Nas recomendações e síntese do evento, surgiu o conceito de BIOECONOMIA a partir da diversificação, adensamento e interiorização do Polo Industrial de Manaus com novas matrizes econômicas. Na síntese final, foram listados os velhos gargalos que impedem que esta região tome nas próprias mãos seus destinos, para se tornar cada vez mais independente. Persistir na redução das desigualdades regionais, continuar protegendo o patrimônio natural, extraindo deles, sempre e em qualquer circunstância, os benefícios de uma nova relação entre natureza e cultura, desenvolvimento e meio ambiente, que seja economicamente rentável, socialmente justa, politicamente correta e ambientalmente sustentável, como recomendou o saudoso professor Samuel Benchimol, símbolo da presença judaica empreendedora na Amazônia.
Com a publicação do livro Amazônia: pioneiros e utopias, de Alfredo Lopes, lançado no ano seguinte na FEA-USP, com debate sobre Bioeconomia com Sylvio Crestana e Tiago Terada. E no ano seguinte um novo seminário Brasil Reencontra os Pioneiros, Textos e Contextos Regionais, foi transformado em livro pelo canal da Editora da Universidade de São Paulo, a EDUSP. Enquanto isso, na celebração de um convênio de cooperação técnico científica com ênfase na área da saúde e bioeconomia, USP e UEA iniciaram uma parceria, novamente com a participação da indústria, através do CIEAM, que culminou na celebração do DINTER, um doutoramento interinstitucional de Gestão da Amazônia, em 2016, graças a 22 bolsas da CAPES com chancela de Marcovitch e Val.
Daí, o CNPq patrocinou uma conferência internacional de Gestão da Amazônia, a AMAS Amazonian Management Symposium, em Manaus, agosto de 2018, onde o tema mais destacado foi Bioeconomia e Sustentabilidade. Momento seguinte começam em Manaus e em São Paulo os Workshops sobre Bioeconomia, sob a batuta de Adalberto Val, Jacques Marcovitch, Vanessa Pinsky, com foco nas Cadeias de Valor do Açaí, Cacau, Pirarucu e da Meliponicultura na Amazônia Brasileira. INPA, USP, UEA, UFAM, UFPA e muitos outros institutos e pesquisadores convidados. Daí, em junho de 2024, foi lançada a emblemática questão que irá ressoar por toda a Amazônia. BIOECONOMIA PARA QUEM?
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora
Coluna Follow-up é publicada às quartas, quintas e sextas feiras no Jornal do Comércio do Amazonas, sob a responsabilidade do CIEAM e coordenação editorial de Alfredo Lopes, editor do portal BrasilAmazoniaAgora
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