Letitia James, Procuradora-Geral de NY, iniciou um processo contra a JBS USA por “greenwashing”, alegando que a empresa fez declarações falsas sobre reduzir seu impacto ambiental e alcançar a neutralidade de carbono até 2040, apesar de expandir a produção.
Letitia James, a Procuradora-Geral de Nova York, iniciou um processo legal contra Donald Trump anteriormente e agora direciona suas ações legais contra os irmãos Batista. Ela acusou a JBS USA de “enganar o público sobre seu impacto ambiental” ao entrar com um processo na última quarta-feira, 28. A acusação central é que a JBS prometeu atingir o “net zero” em emissões de carbono até 2040, apesar de ter planos de aumentar sua produção, o que, por consequência, elevaria sua emissão de carbono.
“A produção de carne emite a maior quantidade de gases de efeito estufa dentre todas as commodities alimentícias, e a agricultura animal responde por 14,5% de todas as emissões anuais globais” destaca o comunicado da procuradoria-geral. Em 2021, foi reportado pela JBS que suas emissões de gases de efeito estufa ultrapassaram 71 milhões de toneladas, superando as emissões de alguns países.
A JBS manifestou-se afirmando que seu compromisso com a sustentabilidade na agricultura é levado muito a sério. “Discordamos da ação tomada hoje pela Procuradoria-Geral de Nova York. A JBS vai continuar a fazer parcerias com fazendas, ranchos e nosso sistema de parceiros no mundo para ajudar a alimentar uma população crescente ao mesmo tempo em que usa menos recursos e reduz o impacto ambiental da agricultura.”
No processo, o Estado de Nova York exige que a JBS USA interrompa a divulgação de sua campanha “Net Zero by 2040”. Além disso, solicita a realização de uma auditoria independente para verificar se a empresa está cumprindo com as leis de proteção ao consumidor de Nova York. O processo também requer que a empresa devolva todos os lucros obtidos por meio da “enganação do público” a respeito de suas práticas empresariais, além de enfrentar uma multa mínima de US$ 5.000 por cada infração cometida, cujo total será definido durante o julgamento.
Acusações de Greenwashing
Letitia James acusou a JBS USA de fazer várias declarações enganosas sobre seu impacto ambiental, incluindo promessas de combate ao desmatamento e de redução de emissões. Ela destacou que a empresa utilizou práticas de “greenwashing” e “declarações falsas” para se beneficiar da crescente demanda dos consumidores por marcas que respeitam o meio ambiente.
A acusação menciona uma apresentação feita pela JBS em 2015, destinada a empresas do setor alimentício, onde um executivo da companhia enfatizava a importância de comunicar aos consumidores os esforços para reduzir o impacto ambiental, visando manter sua fatia no mercado.
“Desde então, a JBS continuou a fazer alegações sobre a sustentabilidade das carnes. Por exemplo, em abril de 2021, a companhia fez um anúncio de uma página no New York Times com seu compromisso de ‘net zero’. Em setembro de 2023, o CEO da JBS disse durante um evento da Climate Week em Nova York que a companhia se comprometia a ser ‘net zero’ até 2040. Em fevereiro de 2024, o site da companhia ainda divulga este compromisso,” conforme descrito na acusação.
James argumentou que, ao fazer tais promessas, a empresa brasileira falhou em contabilizar as emissões totais de gases de efeito estufa, especialmente aquelas provenientes do desmatamento na Amazônia, o que coloca em dúvida sua capacidade de neutralizar suas emissões até 2040.
A acusação também revela que a JBS foi advertida pela divisão de propaganda do Better Business Bureau, que afirmou que as evidências apresentadas pela empresa não sustentavam as promessas feitas aos consumidores, recomendando que cessassem tais alegações.
De acordo com a acusação, as práticas da empresa são consideradas “práticas comerciais enganosas” e “propaganda enganosa”, violando as seções 349 e 350 da Lei Geral de Negócios.
Apoio de ONGs
O comunicado da procuradoria também incluiu declarações de apoio de quatro ONGs ambientais ao processo, evidenciando uma dimensão política na ação contra a JBS.
Com informações do Brazil Journal
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