Um terço dos investimentos em energia eólica e solar pelos chineses são destinados à região, segundo estudo do IPEA.
O Gigante Asiático e o Verde da América Latina
A China, líder mundial em investimentos no exterior em energia renovável, vem expandindo seus negócios na América Latina e no Caribe nos últimos anos, em particular desde 2019. A região se tornou destino de um terço dos investimentos do país em energia eólica e solar. Em termos relativos, a região concentra “a maior porcentagem de projetos de geração a partir de fontes limpas” com origem chinesa.
Esta conclusão é do estudo recentemente publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), assinado por quatro pesquisadores.
Crescimento triplo nos investimentos em energias alternativas
“O acumulado de Investimentos Externos Diretos (IED) de empresas chinesas em energias alternativas triplicou desde o final de 2018, subindo de US$ 960 milhões para US$ 3,8 bilhões, registrados ao final de 2022. Desse total, é importante sublinhar que 55% ocorreu na modalidade de IED greenfield,” informa o estudo. Os investimentos chamados greenfield são aqueles destinados a um novo projeto, diferentemente dos investimentos feitos em ativos e operações já existentes.
A capacidade instalada de usinas solares controladas por empresas chinesas na América Latina e Caribe quadruplicou no intervalo de três anos, entre 2019 e 2022, “subindo de 363 Megawatts (MW) para cerca de 1,4 Gigawatt (GW). Desse total, contudo, cerca de 1 GW correspondeu à aquisição de ativos existentes”. Além disso, as usinas eólicas da América Latina e Caribe controladas pelas empresas chinesas duplicaram a capacidade de geração de energia no mesmo período, passando de 1,6 GW para 3,2 GWs.
Os mercados que receberam investimentos chineses em projetos de energia eólica e solar incluem Brasil, Chile, México, Colômbia e Argentina.
A China e a “Civilização Ecológica”
Segundo Marco Aurélio Alves de Mendonça, pesquisador do Ipea e um dos autores do estudo, a China tem expandido seus negócios em energia renovável desde o início dos anos 2000, assumindo um papel de liderança global durante a década de 2010. Isso é guiado pelo ideário de “civilização ecológica”, concepção que se tornou central na retórica do Partido Comunista Chinês.
O apoio à energia verde e baixo carbono
Em setembro de 2021, o presidente Xi Jinping anunciou que “a China apoiaria outros países no desenvolvimento de sistemas de energia verde e de baixo carbono, assumindo também o compromisso de não financiar novos projetos de carvão no exterior”, segundo o estudo.
Para o pesquisador Marco Aurélio, o Brasil deveria aproveitar ao máximo os investimentos chineses em setores de energia renovável. Ele acredita que a China pode contribuir com o papel do Brasil no protagonismo internacional no setor ambiental.
A liderança mundial da China
A China é líder mundial em investimentos em manufatura, tecnologia e geração de energia a partir de fontes renováveis. “Entre 2016 e 2020, o país asiático investiu US$ 800 bilhões em energias renováveis, ficando à frente dos Estados Unidos, segundo colocado, que investiram US$ 540 bilhões”, destaca a pesquisa do Ipea.
A China também é líder mundial em capacidade de geração elétrica renovável, com 1.020 GWs de potência instalada, mais do que o dobro da União Europeia (511 GWs) e quase o triplo dos Estados Unidos (292 GWs). Em 2022, os chineses ainda abrigavam os dez principais fornecedores globais de equipamentos de energia solar e seis dos dez maiores fabricantes globais de turbinas eólicas, por capacidade encomendada.
“A China, portanto, ao reduzir o uso de fontes fósseis e expandir a geração a partir de energias renováveis, ampliou sua capacidade de ofertar essas tecnologias para outros países”, conclui o estudo.
Com informações da Agência Brasil
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