Além de sofrerem com o descaso governamental e a presença de invasores, os Povos Yanomami também tiveram suas vacinas contra COVID desviadas por servidores do Ministério da Saúde para garimpeiros em troca de ouro. A revelação foi feita pelo site Metrópoles, a partir de denúncia feita pela Hutukara Associação Yanomami ainda em 2021.
Na época, o Brasil vivia o auge da 2ª onda de contágios de COVID-19, com os maiores índices de mortes diárias da pandemia no país. De acordo com a denúncia, funcionários do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami foram subornados por garimpeiros com ouro para fornecer doses de vacina que deveriam ser aplicadas nas comunidades indígenas locais.
“Ainda em janeiro [de 2021], fomos informados de que a então técnica de enfermagem do polo-base de Homoxi estaria desviando materiais do órgão, incluindo um gerador de energia e gasolina, em troca do ouro extraído ilegalmente no garimpo. Na mesma ocasião, fomos informados de que a funcionária do DSEI-Y estaria aplicando vacinas nos garimpeiros, igualmente em troca de ouro”, disse a associação. O Último Segundo IG também abordou essa informação.
Desde o ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) investigam um esquema criminoso no DSEI-Y no qual servidores teriam desviado recursos destinados para a compra de medicamentos para as comunidades indígenas na Terra Yanomami. A falta de remédios decorrente desse desvio foi um dos fatores que contribuiu para a crise humanitária atual, pois mais de 10 mil crianças ficaram sem medicação básica, como vermífugos.
Enquanto isso, a PF atualizou nesta 4ª feira (13/3) os números da Operação Libertação na Terra Yanomami, realizada em conjunto com IBAMA, Força Nacional de Segurança Pública, FUNAI, Polícia Rodoviária Federal e Forças Armadas.
Desde 10 de fevereiro, quando as ações antigarimpo começaram, foram inutilizadas ou apreendidas 27 toneladas de cassiterita, 11,4 mil litros de combustível, 84 balsas e embarcações, duas aeronaves, 200 acampamentos, 172 motores e geradores de energia, e diversos equipamentos utilizados para a extração de minérios. A Rede Brasil Atual destacou esses números.
Entre os itens apreendidos, também estão modems de conexão de internet por satélite da Starlink, empresa do bilionário Elon Musk.
O serviço é popular entre os garimpeiros, que utilizam a conexão para coordenar suas ações e se comunicarem sobre a operação garimpeira e eventuais ações policiais.
De acordo com a Associated Press, o IBAMA está estudando formas para restringir o funcionamento do serviço no território Yanomami. O g1 também repercutiu a notícia.
Em tempo: O Ministério da Justiça prorrogou até 20 de junho o apoio da Força Nacional de Segurança Pública à FUNAI na Terra Indígena Sararé, em Mato Grosso. O território também é alvo de invasores garimpeiros que ameaçam as comunidades indígenas locais. Os agentes federais também continuarão dando suporte às ações da FUNAI em outros três territórios indígenas – as Terras Koatinemo e Cachoeira Seca, no Pará, e a Terra Nonoai, no Rio Grande do Sul. g1 e Valor deram mais informações.
Texto publicado em CLIMA INFO
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