Conselheiro do CIEAM e diretor da Moto-Honda da Amazônia, João Batista Mezari é o que se pode chamar de factótum, pelo tamanho de sua disponibilidade e colaboração. Na semana passada, recebeu a Medalha Tiradentes(*), um reconhecimento da Polícia Militar do Estado do Amazonas, por seu desempenho na coordenação do grupo Anjos da Guarda, um projeto do Polo Industrial de Manaus. São iniciativas e ações efetivas para resguardar a segurança dos trabalhadores da Distrito Industrial. “Nossos colaboradores precisam ir e vir com segurança”. Eles são o esteio dos investimentos de Manaus. Cuidar deles não é ônus. É um valioso bônus. Essa é a razão de buscar envolvimentos das empresas e recomendar o uso de tecnologias adequados para o combate da violência que atormenta os colaboradores da Indústria. Destinada a autoridades civis e militares, a Medalha Tiradentes é entregue a membros da sociedade que prestaram relevantes serviços à causa pública. A cerimônia de entrega da comenda foi realizada no Teatro Amazonas, nesta quinta-feira, (21). A solenidade militar homenageia Tiradentes, Herói Nacional e patrono das Polícias Militares do Brasil. Confira:
Por Fabíola Abess – Assessoria de Comunicação do CIEAM
Coluna Follow-Up
COLUNA FOLLOW-UP: Como a Indústria se organizou para instalar protocolos de segurança para ajudar a minimizar as ocorrências nas rotas que trazem e levam colaboradores?
João Batista Mezari: O programa “Anjos da Guarda” foi concebido a partir de 2015 quando começaram a aumentar os roubos as rotas de ônibus do distrito. Eu como conselheiro do CIEAM, mais algumas pessoas – inclusive do sindicato patronal, conversamos na época com o Sérgio Fontes, que era o secretário de segurança e junto à equipe da Polícia Militar no CICC – Centro Integrado de Comando e Controle, começamos os primeiros passos. Na época, o coronel Dan Câmara era o responsável e o major Vinícius que hoje é comandante geral da Polícia Militar trabalhamos em conjunto para definir temas para minimizar esses ataques aos ônibus do distrito.
Fup – Os Anjos da Guarda trabalham com ferramentas de tecnologia. Isso tem ajudado evitar episódios de violência. Como você avalia os resultados dessa parceria com a Polícia Militar do Estado?
JBM – Estamos evoluindo, fizemos já protocolos em conjunto. Algumas empresas participaram de licitação pública para fornecer câmaras, fornecer botões de pânico aos ônibus. E tudo isso com ligação direta ao CICC – Centro Integrado de Comando e Controle assim que acionado. O que ainda nós queremos é que muitas empresas adquiram essas tecnologias que melhoraram muito nos últimos anos. As câmeras estão com alta qualidade na interligação com o ICC – Instrução Continuada de Comando também está melhor, sempre que um botão de pânico é acionado a viatura mais próxima do local onde esse ônibus com rastreador é identificado uma patrulha vai para o local. Nós já seguimos evitando situações piores. O risco é muito grande de sequestro, houve sequestro de ônibus, risco de funcionárias serem atacadas, são coisas que podem acontecer. Infelizmente nos últimos tempos houve um aumento. Por cinco anos nós conseguimos reduzir o número de ataques às rotas, no ano passado aumentou, mas neste ano está um pouco menor que no ano passado. São mais de 2.500 rotas por dia em todas as ruas do PIM, Polo Industrial de Manaus.
Fup – Como tem sido feito esse monitoramento de ocorrências? Em que regiões da cidade a estatística é maior?
JBM – Principalmente nos bairros da Zona Norte e Zona Leste onde os ataques ocorrem com mais frequência e na parte do final da madrugada. Então nós fazemos um trabalho de estatística com mais de duzentas empresas, um grupo no WhatsApp está aberto para as empresas voltado somente para questões de segurança das empresas e dos colaboradores. Essas informações são levadas frequentemente para o Comando da Polícia e o secretário de Segurança, general Mansur e até para o Governo nós já apresentamos, contamos com o apoio dos presidentes da FIEAM – Federação da Indústria do Estado do Amazonas, Antonio Silva e CIEAM – Centro da Indústria do Estado do Amazonas, Wilson Périco e Nelson Azevedo do Sindicato Patronal, esse apoio é muito importante para que a gente consiga mostrar a nossa situação. A gente sabe que o comando da polícia no Estado tem muitos problemas. Narcotráfico, os ataques a ônibus públicos e outras situações.
Fup – Qual o maior desafio enfrentado hoje pelo programa Anjos da Guarda?
JBM – Nós precisamos mostrar que o distrito é importantíssimo para o Estado, mais de 80% da arrecadação do Amazonas vem do distrito. Os nossos colaboradores precisam ir e vir com segurança. Então nós conseguimos uma parceria muito boa, que tem evoluído sempre. Atualmente com o coronel Vinícius que foi promovido a comandante geral da polícia, como ele está desde o início do projeto, então ele conhece tudo o que nós fazemos, o apoio tem sido muito grande. Mas como eu disse é algo difícil porque essas regiões, esses bairros são muito grandes. E é difícil fazer patrulhamentos, mas com o trabalho conjunto a gente tem evitado talvez coisas piores.
Fup – A violência, que tem ceifado vidas numa espiral preocupante, precisa ser contida. Como amenizar as sequelas deste problema na área de atuação da indústria e da segurança pública?
JBM – O problema da violência estrutural e universal. Para emprestado precisamos de múltiplos e permanentes parcerias. E cada um precisa fazer sua parte. Do ponto de vista, podemos fazer mais se mais empresas ingressarem um pouco mais na batalha cotidiana. Temos as armas da tecnologia e a pólvora da informação. A guerra contra a violência supõe os investimentos da educação maior geração de empregos, a melhor fórmula de assegurar a distribuição de renda. Infelizmente, 75% dos recursos gerados pela indústria do Amazonas não são aplicados na região. E aí, tudo fica mais difícil, incluindo a melhoria das condições de trabalho e de desempenho do aparato de Segurança.
Fup – Qual seu recado para as empresas do Polo Industrial de Manaus?
JBM – Participação. Tudo que tem jeito pode ser resolvido com esta palavra. Participação. Os resultados do programa Anjos da Guarda está diretamente associado à participação de todos. E todos serão beneficiados. Atualmente no mercado temos inúmeras ferramentas tecnológicas que podem auxiliar na seguranças de empresas e trabalhadores. Lamentavelmente, essas alternativas não são utilizadas sob alegação dos altos custos, tanto para adquirir como para assegurar a manutenção. Entendo, contudo, que o custo é irrisório quando avaliamos a importância da prevenção e preservação da vida de nossos colaboradores, que são o maior patrimônio das empresas. Eles são o esteio de nossos empreendimentos, cuidar deles não é ônus. É um precioso bônus!”.
(*) Após ser homenageado com a medalha Tiradentes, o conselheiro Mezari concedeu uma entrevista rápida para a equipe da coluna Follow Up sobre o projeto, que tem avançado com parcerias, alinhamento com a PMAM e recebido principalmente apoio das empresas associadas ao CIEAM.
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