Faleceu neste domingo (13) Saul Benchimol, aos 87 anos. Empresário e professor, Saul fundou a Bemol e a Fogás junto dos seus irmãos Samuel e Israel Benchimol, além de ter feito parte da Academia Amazonense de Letras.
Nota de Pesar:
O CIEAM – Centro da Indústria do Estado do Amazonas e o Portal BrasilAmazoniaAgora, em nome de seus fundadores, colaboradores e seguidores, manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do professor Saul Benchimol, ocorrido neste 13 de fevereiro, enlutando a comunidade judaica da Amazônia. Saul era irmão de Israel e Samuel Benchimol, filhos de Isaac Benchimol, que desembarcou na Amazônia no século XIX, a Nova Terra Prometida. Em homenagem ao Professor Saul Benchimol, sua família e sua contribuição robusta para desenvolvimento social econômico e cultural desta região, republicamos o capítulo dedicados à família no livro Amazônia, Pioneiros e Utopias, lançado na FEA/USP em novembro de 2014.
Por Alfredo Lopes
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No dia 13 de agosto de 1942, os filhos de Isaac Benchimol – um migrante hebreu cuja família viera do Marrocos no século XIX, em mais uma busca das promessas de prosperidade e liberdade, dessa vez amazônica – fundaram a Bemol. Originalmente chamada Benchimol & Irmãos, a empresa começou com Samuel, Israel e Saul Benchimol, com representação de produtos farmacêuticos, no espocar da II Guerra, e se credenciou a partir daí num empreendimento diferenciado e referencial no varejo regional de departamentos, no trato com os clientes e pela ética do quadro de seus valores.
Atualmente, ano de 2014, emprega diretamente mais de 2.200 colaboradores e, ano a ano, segue à frente na arrecadação fiscal do Estado, sendo pioneira no país pela certificação de qualidade no setor em que atua.
É uma trajetória que resume e simboliza a saga amazônica de obstinação e superação da adversidade, que faz do tropeço, apogeu e quebra da economia a teimosia que retoma a caminhada de reinvenção. Um emblema da resistência e enfrentamento da penúria, focado na semeadura da transformação e na multiplicação dos talentos, como ilustra a parábola bíblica.
“O Amazonas deixará de ser, afinal, um simples capítulo da história da terra e… tornar-se-á um capítulo da história da civilização…”. A profecia de Getúlio Vargas ainda ressoava nas conversas da confraria baré, e agitava os espíritos naquele longínquo agosto de 1942, um ano que descreve um tempo de agitação e mudanças.
Com a eclosão da guerra, os japoneses, aliados da Alemanha e Itália, cortaram o fornecimento da borracha com o embargo dos seringais asiáticos, empurrando a Amazônia para um novo ensaio de prosperidade e esplendor. “De todos os materiais críticos e estratégicos, a borracha é aquele cuja falta representa a maior ameaça à segurança de nossa nação e ao êxito da causa aliada”, alertava o governo dos Estados Unidos para justificar substantivos investimentos, nos Acordos de Washington, para a reativação desesperada e atabalhoada do II Ciclo da Borracha na Amazônia.
As exportações do Amazonas que beiravam os US$ 350 mil no final da década de 1930, já alcança US$ 8 milhões em 1943, incluindo, além da borracha, uma robusta pauta de exportação onde figuravam itens da economia extrativa como o óleo essencial de pau-rosa, madeira, castanha, fibras vegetais, resinas, peles de jacaré… A navegação fluvial, com a reativação da indústria naval e multiplicação das linhas de cabotagem e aeroviárias, tendo Manaus como eixo estratégico de negócios regionais e intercontinentais, confirmou, então, a vocação de oportunidades na logística dos transportes, como os ingleses e seus estaleiros do Reino Unido já haviam percebido décadas atrás.
Felicitações efusivas à família Bemol, aos funcionários e às novas gerações! A experiência de participar ativamente do novo – e fugaz – surto econômico da borracha levou Samuel a estudar ciências econômicas e sociais na Universidade de Miau mi, em Oxford, Estado de Ohio, onde recebeu uma bolsa para concluir seu mestrado, com a tese, escrita e defendida em inglês, “Manaus, o crescimento de uma cidade no Vale Amazônico”.
Frutos representativos do êxodo hebreu-marroquino, a família Benchimol apertou os cintos para financiar estudos de Samuel na América, enquanto Saul e Israel davam sequência aos esforços de recuperação do “Eretz Amazônia” do patriarca Isaac, vítima da debacle da borracha. Esse pacto consanguíneo é a raiz dos princípios organizacionais de Integridade, Respeito, Economia, Energia e Melhoria Contínua, fatores de uma equação do sucesso Bemol que congrega a adesão proativa dos colaboradores, a parceria solidária de associados e fornecedores, fruto do trabalho e da qualificação das novas gerações da Benchimol & Irmãos.
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