Um incêndio de grande proporção atingiu o Pantanal Mato-grossense neste fim de semana, na região de Poconé (MT). Em dois dias, uma área de quase de mil hectares queimou após o fogo se alastrar por propriedades rurais, atingindo vegetação nativa e pastos naturais.
O incêndio começou no sábado (7) e, em dois dias, o fogo ainda não havia sido debelado. Segundo o Batalhão de Emergências Ambientais do estado, é a maior ocorrência registrada nesta temporada.
“No Pantanal temos áreas de campo vastas e algumas ilhas de floresta. Essa característica, somada ao vento, contribui bastante para direcionar o fogo e faz com que o incêndio se espalhe mais rápido e fique fora de controle”, diz a diretora de Ciência no IPAM, Ane Alencar.
Expedição do fogo
A ocorrência foi observada por pesquisadoras do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e do Woodwell Climate Research Center, dos Estados Unidos, que participam de uma expedição de campo para melhorar o uso de dados em combate a queimadas e incêndios. A viagem coincide com o lançamento do novo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas das Nações Unidas), que mostra dados preocupantes sobre extremos climáticos para a América do Sul.
No Brasil, a temperatura pode subir entre 4 graus Celsius e 5 graus Celsius nas próximas décadas. “Um ambiente mais quente e seco deixa tudo mais inflamável. Hoje, qualquer fagulha já pode virar um incêndio. No futuro, a situação só vai piorar”, afirma Alencar.
A expedição, que começou na sexta-feira (6), tem como objetivo criar soluções para o controle mais eficiente de incêndios e queimadas, que se agravam no período da seca. É uma parceria entre IPAM, Woodwell Climate e o Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, e passa por três biomas: Cerrado, Pantanal e Amazônia. Um diário da viagem é compartilhado no Instagram do IPAM.
“Para lidar com o fogo tem de haver estratégia e inteligência. Muitas vezes, é preciso esperar até o final da tarde, quando a temperatura e o vento baixam e a umidade relativa do ar aumenta, para se ter um combate mais efetivo”, explica a coordenadora do projeto e pesquisadora do Woodwell Climate Manoela Machado.
Jovens em prol do Pantanal
Outro projeto que busca ajudar o Pantanal é o movimento Fridays For Future Brasil, que, em nome do Projeto Ajuda Pantanal, tem como meta arrecadar 600 mil reais. O montante será usado para auxiliar no financiamento de ações de reestruturação nas comunidades afetadas em 2020, quando 26% de sua vegetação foi alvo de incêndios -, totalizando mais de 4 milhões de hectares queimados.
“Esse recurso vai ser aplicado em projetos de conservação, estruturação de brigadas de incêndio e um fundo será criado para a prevenção de queimadas. Para que a mensagem desses jovens cheguem mais longe, será destinado 1/6 do valor arrecadado para a produção de um documentário para mostrar a riqueza do bioma e as consequências e impactos das queimadas ilegais”, afirmam os mobilizadores da campanha “Ajuda Pantanal”.
Em parceria com o Instituto SOS Pantanal, a ação tem participação de diversos ativistas, além de contar com o apoio da atriz Carolina Ferraz.
O Pantanal, é a maior planície alagável do mundo e abrigo de mais de 4.700 espécies, é um símbolo do Brasil e de sua biodiversidade. Criar um fundo para assistência a comunidades que lá habitam e também a fauna e flora pantaneira é urgente. Quem pode contribuir com doações deve fazê-lo pelo site AjudaPantanal.fund onde também um portal de transparência vai disponibilizar informações sobre a destinação de cada centavo arrecadado.
Fonte: CicloVivo
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