Em artigo publicado no Infomoney/Bloomberg, sob o título ‘Pesquisa, inovação e reinvenção do mercado’, presidente do Cieam, Wilson Périco, volta a bater na tecla da parceria institucional para o desenho do futuro. Ele usou os ensaios acadêmicos em movimento para a escolha da nova direção do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia). “Existe alguma relação entre o setor produtivo e a escolha do novo diretor do Inpa já em processo de discussão pela comunidade científica? Com certeza, se considerarmos que aquela instituição gera conhecimento para novos empreendimentos e este setor gera riqueza, e que parte desta deve ser legalmente destinada a promover desenvolvimento e novas matrizes de negócios nesta região”.
Essa insistência decorre do desempenho pífio de projetos comuns. Não temos a prática de pensar, planejar, executar, nem a semeadura nem a colheita de colheitas coletivas. Diz o artigo: “Na prática, entretanto, o que se percebe é a desarticulação entre o público e o privado. Entre todos os atores federais, a bem da verdade e deles com a região. E quem perde com essa desordem institucional é a sociedade”.
Desarticulação vesga
Durante 10 anos, O TCU (Tribunal de Contas da União) já anotou essa anomalia que está relacionada a perda de recursos, confisco dos fundos para outros fins e desperdício de energias. Périco lembra que a economia da Zona Franca de Manaus está contemplada na Constituição Federal e para exigir o cumprimento da Lei esta aproximação de propósitos é fundamental. Como poderemos, senão através desta unidade e cumplicidade de propósitos, e quebra, diversificar a atividade econômica para produção de novos negócios na Amazônia. “Como essa diversificação tem um ritmo próprio, pois as plataformas de C&T precisam de tempo para maturação, estamos com meio século de atraso”.
E os próximos 50 anos?
Temos meio século para enfrentar o desafio de construir o futuro na primeira pessoa do plural. Não temos outro caminho. “A começar pela luta inadiável da retenção da riqueza aqui, onde ela é produzida, como manda a lei e como sugere o relatório do Banco Mundial, para preparar inteligências, infraestrutura e ensaios desta nova trilha”, insiste o presidente do Cieam. O que não podemos é fulanizar a guinada da diversificação, nem restringí-la a mandatos governamentais. Devemos depender apenas de nossa disposição em trabalhar em parceria, mapeando a coincidência de objetivos e priorizando os benefícios a sociedade.
Revolução tecnológica
Os recursos pagos pela indústria, algo que se aproxima a R$ 2 bilhões por ano, são suficientes para aumentar nossa competitividade, criando soluções energéticas, logísticas de transporte e de comunicação. Repassando os projetos já pesquisados temos massa crítica para apostar nessas saídas. Para Wilson, “…não podemos ficar na dependência do jogo político do Planalto Central, nem adiar a mobilização da bancada estadual e regional, para tomar as providências de nossa diversificação”. Ele anunciou o primeiro passo com a formulação da Agenda Amazônia para estreitar a partilha de iniciativas. “Não podemos ficar na dependência da ação alheia se não propomos caminhamos interativos”.
Qual o papel das entidades do setor produtivo?
Para o líder empresarial, “Compete-nos a ousadia de exigir o cumprimento da Lei. E ao assumir o protagonismo de decisões devemos, no limite, ter coragem de recorrer à justiça suprema, tanto para que as verbas recolhidas para promover as desigualdades regionais sejam aqui aplicadas, como para dizer não ao embargo de gavetas do licenciamento dos PPBs, entre outras ilegalidades e imoralidades com quem aqui trabalha, gera riqueza e tem o compromisso claro da responsabilidade social”. Promover a articulação institucional significa enveredar pela transparência na gestão dos recursos públicos, na aplicação inteligente e eficaz dos recursos do contribuinte.
Quem escolhe o novo gestor do Inpa?
Nesse contexto, o episódio das eleições do Inpa tem tudo a ver com essa integração. Afinal, trata-se de uma instituição criada para fazer frente às tentativas históricas de usurpação por parte da cobiça internacional, A escolha do novo dirigente compete, obviamente, aos servidores da Casa, e assim evitar eventuais paraquedistas. Entretanto, como servidores públicos, lhes cabe consultar seu mantenedor, o contribuinte, a sociedade, a quem deve os frutos de sua dedicação e conquistas. Wilson lembra o World Skills, como um paradigma das novas matrizes econômicas “Estivemos no Canadá, não faz muito tempo, participando do World Skills, o evento global de inovação. E chamou a atenção aos participantes do Amazonas a quantidade de madeira nas carretas gigantescas em rodovias impecáveis daquele país. Madeira é um dos carros-chefes da Indústria canadense. O Amazonas dispõe de 3,2 bilhões de metros cúbicos de madeira para o manejo mas a legislação nos exige tratar a floresta como a Índia trata suas vacas”. Cabe recordar que o INPA, com apoio do governo japonês, desenvolveu estudos da dinâmica florestal amazônica, compatibilizando economia, sustentabilidade e prosperidade. Este é o desafio, conclui o dirigente, das novas modulações econômicas: a articulação inadiável das parcerias institucionais.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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