O que esperar dos candidatos colocados na disputa pela governança estadual? Existem os que chegaram no baile sem a carteirinha da experiência e os que já sentaram à cadeira do poder, tiveram chance de escrever outra história de superação e devem explicações ao eleitor sobre suas escolhas e prioridades. Existem, ainda, duas mulheres na disputa, uma estreante e outra que foi vítima da política estreita e que viu interrompida uma trajetória de governança transparente e competente à frente da Suframa, com ações e decisões que descrevem o estilo cuidadoso, intuitivo e criativo que só as mulheres sabem ofertar.
Em 18 meses, a expectativa geral da necessidade inadiável de mudança começou a ganhar forma e conteúdo, tanto na recuperação institucional da autarquia como no resgate da participação dos outros atores da Amazônia Ocidental, presença vital na reafirmação dos acertos desta modelagem de desenvolvimento regional. Em vez das fórmulas cansadas que levaram a classe política ao desencanto e indignação nacional, o que se viu na Suframa foi vontade política do querer, mobilizar e fazer em franco movimento.
Comércio, serviços, agricultura e indústria tiveram vez, voz e prioridade para promover uma virada institucional em mutirão, com planejamento estratégico, técnicos qualificados, e circulação colaborativa em Brasília com aqueles que, decididamente, ainda querem ver o Brasil transformado num país próspero, civilizado e respeitado. Quem faz planejamento estratégico não governa com projetos eleitorais de curto prazo, mas com visão de futuro focado nesta e nas próximas gerações. Chega de governar para a ilharga do próprio umbigo. Na gestão da Suframa o que se viu foi visão de hoje, com perspectiva de amanhã, uma intuição feminina que anteviu patrimônio natural como oportunidade de prosperidade geral.
Tão importante quanto o que foi feito – sempre em partilha com os atores locais e federais – foi o que estava em gestação, e foi interrompido sem explicações plausíveis ao cidadão. Em conjunto com o governo estadual e a prefeitura, inaugurou-se um governo coletivo onde plano de mobilidade urbana, buracos nas vias do polo industrial, recuperação do distrito agropecuário, cidadania agrária, recuperação dos fundamentos legais da Zona Franca de Manaus – entre outras emergências para gerar emprego e sair da crise – passaram a ser pauta cotidiana, sem pirotecnia nem propaganda de enganação.
A escolha de produtos da biodiversidade amazônica, já testados por cientistas e empreendedores abalizados, estava em franca evolução. Tomara que continue. Castanha para fins alimentares, energéticos, cosméticos e medicinais (obesidade, diabetes, mal de Alzheimer entre outros) figura entre as prioridades. O açaí, o tambaqui, o guaraná e o mirantã… Não podemos nem devemos deixar que esses produtos, tão cobiçados pelo mundo, sejam apropriados por outros aventureiros ou empreendedores desassombrados como o confisco da borracha para os domínios asiáticos da Coroa Inglesa.
Em 2016, governo local e atores privados, sob o tema das Jornadas do Desenvolvimento, foram definidos setores como piscicultura, fruticultura, dermocosmética, biomoléculas, verdadeiros clusteres de novos negócios na busca de soluções de curto, médio e longo prazo para consolidar novas configurações de economia.
A má política tem sufocado historicamente as boas ideias, e abortado iniciativas que permitiriam independer progressivamente de renúncia fiscal sem abrir mão da proteção florestal. Arranjos produtivos não nos faltam. São aquilo que o mercado global chama de clusteres, ou seja, estratégias bem sucedidas em vários quadrantes do planeta que remetem a um aglomerado de produtos assemelhados. São arranjos que racionalizam cadeias produtivas num contexto de geração de empregos, qualificação de recursos humanos e aqui – no caso da Amazônia – devem dar prioridade a uma economia limpa, sem destruição florestal.
Cansado da velha política, o povo precisa de competência, intuição e proteção, dedicada e amorosa como só as mulheres sabem dar. Sem baixaria, acusação ou figuração de praxe.
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