“O marco das 5 milhões de motocicletas é muito mais do que uma celebração de números. É uma celebração do potencial da Amazônia, do poder de transformação que a indústria pode ter quando conduzida com responsabilidade de empreender na maior floresta tropical do planeta, e da certeza de que um futuro próspero para a região só é possível com a floresta em pé e sua população integrada a atividades econômicas que preservem seu bioma.”
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
A celebração dos 5 milhões de motocicletas produzidas pela Yamaha no Brasil, diretamente do Parque Fabril em Manaus, representa mais do que um feito industrial: é um símbolo da integração entre desenvolvimento econômico e a preservação ambiental na Amazônia. A Yamaha, ao longo de sua trajetória na região, tem se destacado como uma empresa líder na fabricação de veículos de duas rodas e como um exemplo de como a Amazônia pode prosperar por meio de atividades econômicas sustentáveis.
Quando a Yamaha decidiu se implantar no Polo Industrial de Manaus, fez uma escolha estratégica ao associar-se a uma empresa local icônica e absolutamente simbólica, a TVLAR, pertencente a uma família lusitana que chegou à Amazônia logo após a Segunda Guerra Mundial. Liderada pelo Comendador José dos Santos Azevedo, um português que se tornou amazonense e amazônida, essa empresa desempenhou um papel decisivo no desenvolvimento regional. José dos Santos Azevedo, com seu entusiasmo e liderança, esteve à frente de diversas iniciativas para debater, planejar e executar ações de desenvolvimento regional, transformando a realidade da Amazônia e criando oportunidades de emprego e proteção ambiental.
A parceria entre a Yamaha e essa empresa local simboliza um modelo de negócios que vai além da economia: ela representa o compromisso com a proteção das fragilidades e potencialidades da floresta e o bem-estar das comunidades locais. A presença dessa família lusitana, com uma trajetória marcada pelo desenvolvimento regional, reforça a importância de gerar empregos como forma de assegurar a proteção ambiental e social na Amazônia. Essa aliança é um exemplo claro de como o progresso econômico pode ser harmonizado com a sustentabilidade.
A história da Yamaha na Amazônia também está intrinsecamente ligada a um capítulo importante da relação Brasil-Japão, uma presença historicamente diferenciada. O Brasil é o segundo país depois do Japão em termos de população japonesa, representando uma rica identificação cultural e tecnológica que, ao longo do século XX, testemunhou momentos decisivos de cooperação civil e econômica entre as duas nações. Essa irmandade começou a se fortalecer após o fracasso do ciclo da borracha, que deixou a região amazônica em estagnação. Nesse contexto, os japoneses trouxeram novas possibilidades para a economia da Amazônia, ao propiciar a indústria de fibras vegetais, como a juta e a malva, além de impulsionarem a agricultura com a pimenta-do-reino, hortifrutigranjeiros e a pecuária.
Essa presença civil trouxe não apenas dignidade e desenvolvimento, mas também um modelo de parceria que visava a integração e o progresso da região. A colaboração japonesa se reafirmou com a criação da Zona Franca de Manaus, um modelo de desenvolvimento regional que, inicialmente focado no comércio, evoluiu para a indústria e agricultura hortifrutigrangeira. Nos últimos 50 anos, quase três dezenas de fábricas foram instaladas, incluindo a Yamaha da Amazônia, que se tornou um exemplo de como a economia pode ser uma aliada na proteção da floresta.
Para os pesquisadores dedicados à sustentabilidade da Amazônia, essa é uma lição estratégica: a melhor forma de proteger a floresta é garantindo que sua população esteja inserida em atividades econômicas que respeitem e valorizem os recursos naturais da região. E é exatamente esse papel que a Yamaha desempenha no Polo Industrial de Manaus. Ao empregar milhares de trabalhadores locais e investir em tecnologias que minimizam o impacto ambiental, a empresa demonstra que é possível crescer, gerar riqueza e, ao mesmo tempo, manter a floresta em pé.
A Yamaha da Amazônia adota o padrão japonês de desenvolvimento regional ao implementar gestão corporativa alinhada com a sustentabilidade com exemplos de responsabilidade socioambiental. Suas iniciativas vão além da simples fabricação de motocicletas. Ao adotar soluções de eficiência energética, controle de emissões e ações de engajamento com a comunidade local, a Yamaha se posiciona como uma parceira no desenvolvimento integral e integrado da Amazônia. Longe de ser uma ameaça à floresta, a indústria pode, como exemplificado pela Yamaha, ser parte da solução.
A produção industrial no coração da Amazônia sempre gerou debates acirrados sobre o equilíbrio entre progresso e preservação. Em 2010, o governo japonês convidou o cientista Niro Higuchi para liderar o projeto CADAF, sobre a Dinâmica do Carbono na floresta, numa iniciativa que mobilizou 32 das mais importantes autoridades no assunto, incluindo a Universidade de Tóquio. Esta ação propiciou o conhecimento base do fenômeno da fotossíntese, a fixação do carbono e a produção de água e oxigênio. Ou seja, decodificar o enigma florestal da Amazônia e sua importância na mitigação da mudança climática supõe exige ciência, tecnologia e inovação.
Portanto, com iniciativas como as da Yamaha, fundadas em tecnologia avançada e comprometidas com os parâmetros socioambientais fica claro que é possível equilibrar a balança do equilíbrio climático, desde que se tenha comprometimento com o futuro da região e de sua gente. A empresa demonstra que o respeito ao bioma amazônico não é apenas uma obrigação legal, mas uma escolha ética e estratégica.
O desafio do aquecimento global passa pela inclusão da Amazônia no ciclo produtivo nacional e internacional como a chave para sua proteção. As atividades industriais responsáveis, como as praticadas pelas empresas, particularmente pelo setor de Duas Rodas, trazem benefícios diretos para as comunidades locais, ao mesmo tempo em que ajudam a mitigar os impactos do desmatamento e da exploração ilegal de recursos. A Yamaha, ao atingir esse marco histórico, também solidifica seu papel como protagonista na promoção de um modelo de negócios que beneficia toda a Amazônia.
Com essa trajetória, a Yamaha comprova que o desenvolvimento da Amazônia pode ser sinônimo de prosperidade, inovação e sustentabilidade. O marco das 5 milhões de motocicletas é muito mais do que uma celebração de números. É uma celebração do potencial da Amazônia, do poder de transformação que a indústria pode ter quando conduzida com responsabilidade de empreender na maior floresta tropical do planeta, e da certeza de que um futuro próspero para a região só é possível com a floresta em pé e sua população integrada a atividades econômicas que preservem seu bioma.
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora
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