O óleo de copaíba tem se tornado um pilar na economia de comunidades ribeirinhas na Amazônia, o extrativismo sustentável tem transformado a região e dado oportunidade para as pessoas, fortalecendo cadeias produtivas locais com apoio do BNDES e do Idesam.
O óleo de copaíba, tradicionalmente conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e medicinais, tem se revelado um recurso de extrema importância para as comunidades ribeirinhas da Amazônia, especialmente quando se trata de desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Este óleo vegetal, extraído de árvores do gênero Copaifera, nativas da América do Sul, tem potencializado cadeias produtivas locais, graças a iniciativas como a promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).
O desenvolvimento das cadeias produtivas
Desde 2018, a parceria entre o BNDES e o Idesam tem transformado a realidade de diversas comunidades ribeirinhas no estado do Amazonas. Por meio do fortalecimento de cadeias florestais e do extrativismo sustentável, seis organizações sociais foram capacitadas para gerir a produção e comercialização de produtos derivados da floresta, como o óleo de copaíba, a partir da marca coletiva das comunidades a Inatú Amazônia.
A marca é apoiada pelo Fundo Amazônia, pelo lado do BNDES, e e recebeu apoio do PPBio (Programa Prioritário de Bioeconomia), política pública da Suframa gerida pelo Idesam.
O resultado desse esforço é notável: mais de 34 toneladas de produtos não madeireiros foram comercializadas, gerando cerca de R$ 1,9 milhão em renda para as comunidades envolvidas.
“Em 2023, lançamos um novo edital para a submissão de propostas voltadas ao apoio dessas comunidades. A relação com o BNDES foi estabelecida por meio desses editais, que permitiram ao Idesam apresentar e concorrer com suas propostas”, afirmou Marcus Biazatti, coordenador de projetos do Idesam, para a revista Exame.
Este impacto econômico reflete além na geração de renda direta, uma na criação de 213 postos de trabalho, beneficiando diretamente mais de 400 famílias. Além disso, cerca de 480 pessoas participaram de capacitações técnicas e outras atividades promovidas pelo projeto, destacando o envolvimento significativo da população local no processo de desenvolvimento.
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O óleo de copaíba e sua versatilidade no mercado
A valorização do óleo de copaíba no mercado global deve-se, em grande parte, à sua versatilidade. Este óleo, extraído de árvores que podem atingir até 30 metros de altura, é amplamente utilizado na fabricação de produtos como biodiesel, tintas, vernizes, cosméticos e tratamentos medicinais. Sua composição rica em sesquiterpenos, como beta-bisaboleno e beta-cariofileno, confere-lhe propriedades cicatrizantes, analgésicas e anti-inflamatórias, tornando-o um ingrediente desejado em diversos setores industriais.
Nas comunidades de Lábrea e Apuí, no sul do Amazonas, a produção de óleo de copaíba e outros óleos vegetais, como andiroba e breu, representa uma fonte de renda fundamental. A iniciativa do BNDES e do Idesam tem feito a diferença para que esses produtores possam extrair e comercializar o óleo e gerir suas atividades de maneira sustentável, assegurando a rastreabilidade e a origem responsável dos produtos.
Transformações sociais e participação comunitária
O impacto do projeto vai além dos números econômicos. A transformação social nas comunidades ribeirinhas é visível, especialmente no que diz respeito à participação das mulheres e dos jovens. No início, as atividades de extrativismo eram majoritariamente realizadas por homens, enquanto as mulheres se dedicavam às tarefas domésticas. No entanto, esse cenário tem mudado. Hoje, as mulheres representam entre 30% e 40% das atividades produtivas, desempenhando papéis ativos na extração e comercialização do óleo de copaíba.
Além disso, os jovens, que antes demonstravam pouco interesse em se envolver nas atividades extrativistas, agora veem na produção de óleo de copaíba uma oportunidade de melhorar suas condições de vida e garantir um futuro mais promissor para suas comunidades. Este engajamento crescente é um reflexo do sucesso da iniciativa em demonstrar que a floresta pode ser uma valiosa fonte de valor econômico, sem que seja necessário destruí-la.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar dos avanços significativos, as comunidades ainda enfrentam desafios, principalmente no que diz respeito à gestão burocrática e à regularização de seus empreendimentos. No entanto, o Idesam tem trabalhado para oferecer apoio técnico e organizacional, buscando adaptar as abordagens às realidades locais e assegurar que as boas práticas florestais sejam seguidas.
O próximo passo para o projeto inclui o desenvolvimento de um aplicativo que facilitará o manejo florestal comunitário e a identificação botânica das espécies utilizadas nos planos de manejo. Esse avanço tecnológico promete otimizar ainda mais as atividades de extrativismo, garantindo a sustentabilidade e a eficiência das cadeias produtivas.
Com a finalização do projeto, será realizada uma análise comparativa entre a realidade das cadeias produtivas antes e após a intervenção, e as expectativas são altas. O impacto do óleo de copaíba na economia das comunidades ribeirinhas da Amazônia não se limita ao presente; ele promete ser um componente central no desenvolvimento sustentável da região nos próximos anos.
Importância da Copaíba na saúde
A espécie também tem um potencial terapêutico muito relevante no combate a doenças. Um estudo conduzido pela Unesp e publicado na PLOS ONE propõe uma estratégia inovadora para combater o zika vírus, utilizando uma nanoemulsão de óleo de copaíba. A pesquisa revelou que a nanoemulsão apresentou uma inibição significativa de 80% do vírus em testes in vitro, sugerindo um potencial para o desenvolvimento de novas terapias.
A eficácia antiviral foi comparada entre a nanoemulsão contendo óleo de copaíba e uma versão sem o óleo. Curiosamente, ambas as formulações mostraram inibição do vírus, com a versão sem óleo inibindo 70% do zika. Esse resultado levanta questões sobre a contribuição específica do óleo de copaíba em relação à própria estrutura da nanoemulsão.
A pesquisa ainda está em fase inicial, e os cientistas destacam que são necessários estudos adicionais para entender melhor os mecanismos pelos quais o zika vírus é inibido. Um dos objetivos futuros é determinar em quais etapas da replicação viral a nanoemulsão atua, o que poderia orientar o uso de um futuro medicamento – seja como prevenção ou como tratamento pós-infecção.
Com informações da Exame e do Poder 360
FAQ
O que é o óleo de copaíba e por que ele é importante?
O óleo de copaíba é extraído de árvores do gênero Copaifera, nativas da América do Sul. Ele é amplamente valorizado por suas propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes e analgésicas. Além de seus benefícios medicinais, o óleo de copaíba tem se tornado uma importante fonte de renda para as comunidades ribeirinhas da Amazônia, impulsionando o desenvolvimento econômico sustentável na região.
Como o óleo de copaíba contribui para a economia das comunidades ribeirinhas?
Através do extrativismo sustentável, o óleo de copaíba tem permitido que as comunidades ribeirinhas gerem renda, criem empregos e fortaleçam suas cadeias produtivas. Iniciativas como as promovidas pelo BNDES e Idesam têm sido fundamentais para capacitar essas comunidades, resultando na comercialização de grandes volumes de produtos e no fortalecimento da economia local.
Como o BNDES e o Idesam contribuem para o desenvolvimento das cadeias produtivas na Amazônia?
Desde 2018, o BNDES e o Idesam têm capacitado organizações sociais para gerir a produção e comercialização de produtos florestais, incluindo o óleo de copaíba. A parceria fortalece as cadeias produtivas locais e promove o extrativismo sustentável, gerando impactos econômicos e sociais significativos.
Quais são os principais desafios enfrentados pelas comunidades no extrativismo do óleo de copaíba?
Apesar dos avanços, as comunidades ribeirinhas enfrentam desafios relacionados à gestão burocrática, regularização dos empreendimentos e acesso a mercados maiores. No entanto, o apoio técnico e organizacional oferecido pelo Idesam tem ajudado a superar essas dificuldades, promovendo práticas florestais sustentáveis e a rastreabilidade dos produtos.
De que forma o projeto tem impactado a vida das mulheres e dos jovens nas comunidades?
O projeto tem promovido uma transformação social significativa nas comunidades ribeirinhas. As mulheres, que antes se dedicavam exclusivamente a tarefas domésticas, agora desempenham papéis ativos no extrativismo e na comercialização do óleo de copaíba. Os jovens, por sua vez, têm mostrado maior interesse em participar das atividades produtivas, vendo no extrativismo uma oportunidade de melhorar suas condições de vida.
Quais são as perspectivas futuras para o desenvolvimento do extrativismo do óleo de copaíba?
As perspectivas são promissoras, com planos de desenvolver tecnologias, como um aplicativo para o manejo florestal comunitário, que facilitarão ainda mais as atividades de extrativismo. A expectativa é que, com esses avanços, o extrativismo do óleo de copaíba continue a ser um componente central no desenvolvimento sustentável das comunidades ribeirinhas da Amazônia.
Quais são os usos do óleo de copaíba no mercado?
O óleo de copaíba é amplamente utilizado em diversos setores, como a produção de biodiesel, tintas, vernizes, cosméticos e medicamentos. Sua composição rica em sesquiterpenos o torna um ingrediente versátil e desejado em diferentes indústrias.
O óleo de copaíba tem potencial terapêutico para o combate a doenças?
Sim, um estudo conduzido pela Unesp revelou que uma nanoemulsão de óleo de copaíba apresentou uma inibição significativa do zika vírus em testes in vitro. Isso sugere um potencial terapêutico que pode ser explorado em futuros medicamentos.
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