“É só olhar o potencial para melhoria, a partir do momento em que existir uma conexão efetiva por um esforço em comum: desenvolvimento da Amazônia por meio da ciência, tecnologia e inovação. Será que conseguiremos isso? Foram necessários 20 anos para UEA dar posse para representantes da Indústria em seu Conselho, após mais de R$ 4 bilhões de contribuições entre 2011 e 2021. Precisamos de uma dinâmica mais rápida. Há fome. Há pressa.”
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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Faz cerca de 30 anos que o telescópio Hubble explora o espaço infinito e as imagens são exuberantes, reforçando a nossa insignificância cósmica. Neste mesmo período seguimos com os mesmos debates sobre a Amazônia, mas sem admitir a nossa profunda ignorância sobre a região. Negligenciamos um conjunto enorme de riquezas e de potenciais. Diferentemente do espaço infinito, nem olhamos para elas. Por outro lado, muitos de nós acreditam que repetindo ações do passado poderemos melhorar a realidade presente.
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Para sair desta espiral do passado, precisaremos aprofundar o uso da ciência, desenvolver tecnologias e, com um gigante esforço concentrado em alguns campos do conhecimento, poderemos romper com o passado. Os saltos da história têm sido feitos com estes esforços, quer seja com os Médici, na Itália, quer seja com o esforço científico da Embrapa e do agronegócio brasileiro. Sem ciência, é pouco provável que rompamos as repetições de erros.
Mesmo com as restrições para pesquisa e com o isolamento do empresariado com as universidades, o Brasil aparece com relativo destaque nos rankings internacionais. No top 10 mil cientistas dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), aparecemos em segundo lugar, com 3192 cientistas, logo depois da China, com 3908, muito a frente da Índia, com 2023 ou África do Sul, com 522 e Rússia, com 355. Há uma conexão perdida para a nossa economia: universidades e empresas. Esta vinculação que é fortíssima nos países desenvolvidos ainda é fraca por aqui. Onde é forte, somos fortes. Foi forte na agricultura, somos fortes. Foi forte na indústria aeronáutica, somos fortes.
Reconhecer e enfrentar este distanciamento é uma necessidade para sairmos do lugar-comum, onde vivemos afirmando que “precisamos de mais educação”. Vamos traduzir esta frase em ação para a transformação. Precisamos de ciência aplicada aos processos produtivos. Precisamos reconhecer as nossas ignorâncias frente aos mega potenciais que temos no país. Enquanto ficarmos falando que “precisamos de mais educação” e combatendo quem tem conhecimento, mas não tem dinheiro, ou quem tem dinheiro, mas não tem conhecimento, ficaremos nesta situação precária onde todos querem pegar recursos do Estado.
No ranking de Universidades, a UFAM ficou na posição 251, com 6 cientistas. A USP foi a primeira, com 1007 e a Unicamp foi a terceira, com 247. Não é por acaso que São Paulo está tão na dianteira da geração de riqueza no Brasil. Entretanto, de maneira proporcional, não estamos tão mal. É só olhar o potencial para melhoria, a partir do momento em que existir uma conexão efetiva por um esforço em comum: desenvolvimento da Amazônia por meio da ciência, tecnologia e inovação. Será que conseguiremos isso? Foram necessários 20 anos para UEA dar posse para representantes da Indústria em seu Conselho, após mais de R$ 4 bilhões de contribuições entre 2011 e 2021. Precisamos de uma dinâmica mais rápida. Há fome. Há pressa.
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