Aos 60 Anos estamos na Terceira Idade – mas a ZFM já entrou na Quarta Revolução Industrial – e nos falta lembrar que essa indústria, ao gerar 500 mil empregos, segundo o IBGE, também fabrica oxigênio e nuvens carregadas do líquido para abastecer os reservatórios do Sudeste do Brasil, conservando mais de 95% de nossa cobertura vegetal.
Antônio Silva (*) [email protected]
A Federação das Indústrias do estado do Amazonas faz 60 Anos em agosto de 2020, imbuída do mesmo espírito empreendedor de nossos Pioneiros, para dar sequência ao processo de transformação por eles iniciado. Mais do que ninguém, eles entenderam, nos anos 1960, quando o Brasil deixava sua capital no Rio de Janeiro para transferir-se para o Planalto Central, em Brasília que, infelizmente, ainda deve consultar o Brasil, não burocratizar seus anseios de uma grande Civilização. Nossos fundadores intuíram a importância de uma entidade de classe focada na promoção do desenvolvimento de uma região remota como o Amazonas. E se hoje enfrentamos uma fatídica pandemia nos destroços da economia, há 60 anos vivíamos mais um processo de estagnação sem eira nem beira de apelação com a queda do II Ciclo da Borracha. Hoje, como na ocasião, o setor privado se descobriu forte a partir da somatória de seus esforços dentro das entidades de classes. Hoje, veterana institucional, a FIEAM segue na luta pelo Amazonas, por seu crescimento integral e conexão nacional, fazendo parte do Comitê Indústria ZFM Covid-19, e da CNI, transformando propósitos coletivos em saídas efetivas e operacionais, a favor da economia regional e da prosperidade social.
Ocupação da Amazônia
Quando a Federação da Indústria do Estado do Amazonas foi instalada, ainda vivíamos o período de reconstrução logo após a segunda guerra mundial. Os esforços para reconstrução das nações destruídas incluíam a Amazônia. Aqui, a abundância territorial e de recursos naturais, atiçavam a cobiça estrangeira. Os refugiados de guerra, sob comando da América vencedora, seriam alocados para justificar a ocupação sob o argumento da reconstrução internacional. Os americanos, quando “ocuparam” a gestão da floresta para recompor um novo Ciclo da Borracha, para movimentar suas máquinas bélicas, se deram conta das riquezas de nosso patrimônio. Foi quando na Era Vargas foi criado o INPA, para expulsar o Instituto Internacional da Hileia Amazônica, sob égide da UNESCO, e iniciar a pesquisa de nossa cobiça floresta. Vargas também criou a Companhia Siderúrgica Nacional, a Petrobrás, a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco, entre tantas iniciativas desenvolvimentistas. E é nesse contexto que surgiu a CNI e as Federações estaduais, o SESI e o SENAI, ou seja, o atual Sistema S hoje tem um portfólio de realizações .
Por que não virar esse jogo?
Temos que ser mais protagonistas e fazer valer o papel do setor produtivo nacional. Tínhamos liderança entre nossos fundadores e hoje temos que ampliar esta saga, construindo um projeto para a Amazônia. Temos dificuldades de acessar a biodiversidade em vista à biotecnologia por uma Lei proibicionista que favorece aos biopiratas. Para quem quer empreender tem que se munir de paciência e recursos para enfrentar a burocracia. Hoje, é preciso muito alarido internacional para a gestão da República se dê conta de nossa existência e importância. Se não ocuparmos o protagonismo de administração da Amazônia outros farão, aliás, já fazem. Segundo a Academia Americana de Ciências, 20% dos medicamentos e cosméticos da indústria internacional utilizam insumos da Amazônia. Por que não virar esse jogo? Este desafio tem sido nosso desafio e precisa se ampliar em termos de um programa de ação
FIEAM/CIEAM, um legado dos Pioneiros
Essa história de luta no Amazonas se fez ao longo de 60 Anos, através do beneficiamento industrial de insumos regionais, das usinas de borracha, beneficiamento da castanha, curtume de peles regionais, extratos vegetais, enfim, ações pioneiras que permitiram a implantação da refinaria de Manaus, pelas mãos de dois grandes pioneiros, Isaac Benayon Sabbá e seu sobrinho Moisés Israel. A contribuição judaica para a Economia do Amazonas é extraordinária e se somou aos árabes, turcos, lusitanos, o braço forte Nordestino, na semeadura da resistência e obstinação. E essa refinaria impulsionou a diversificação industrial do estado, a partir da qual se instalou a FIEAM e, em 1979, sob a batuta de Mário Guerreiro, o CIEAM, Centro da indústria do estado do Amazonas, que celebra 41 anos de lutas incansáveis e protagonismo. Além dos pioneiros citados, na FIEAM, Antônio Andrade Simões e Petronio Augusto Pinheiro, no segmento de panificação e bebidas, Francisco Menezes, na extração de borracha e Alcides Paes no setor de calçados, esses pioneiros aparecem na constituição de nossa entidade. Muitos deles estavam na célebre reunião da ACA, Associação Comercial do Amazonas, em 1966, com Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur César Ferreira Reis.
O futuro já começou na floresta
Há 53 anos a FIEAM ajuda a escrever essa História do desenvolvimento regional que a ZFM simboliza, articulando com as demais entidades de classe, nossa representação parlamentar, redes sociais e imprensa para mostrar ao Brasil que não fabricamos perfumes porque nossa Constituição não permite incentivar. Mas fabricamos motocicletas com 85% verticalização com muito orgulho. O polo de Duas Rodas, de Eletroeletrônicos, Informática, Concentrados, entre outros, que geram recursos para propiciar a Bioeconomia que buscamos implantar há 20 anos, com o Centro de Biotecnologia da Amazônia. Perguntem aos Ministérios dessa área porque ainda não temos CNPJ para essa iniciativa, biondústria construída em 2000 com verbas da Indústria. Aos 60 Anos estamos na Terceira Idade – mas a ZFM já entrou na Quarta Revolução Industrial – e nos falta lembrar que essa indústria, ao gerar 500 mil empregos, segundo o IBGE, também fabrica oxigênio e nuvens carregadas do líquido para abastecer os reservatórios do Sudeste do Brasil, conservando mais de 95% de nossa cobertura vegetal.
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