“Não há espaço para meias verdades. Ou a Zona Franca de Manaus será o laboratório de um novo pacto entre economia e natureza, ou perderemos o bonde da história. É hora de fazer do diferencial competitivo ZFM + ESG uma realidade palpável, mensurável e exportável. Para isso, precisamos de compromisso. De estratégia. De investimento. E, sobretudo, de coerência”
Por Régia Moreira e Alfredo Lopes
O Brasil é, por natureza e por vocação, uma potência ambiental. E a Amazônia, seu passaporte para o protagonismo na transição energética global. Não é à toa que fóruns como o da BloombergNEF, realizado em março, voltam os olhos para nosso país como exemplo de uma matriz energética já majoritariamente limpa, com 87% de fontes renováveis. Um feito. Um ativo. Mas também um desafio.
No II Fórum ESG rumo à COP 30, realizado recentemente, os debates foram claros: não basta ter, é preciso saber usar. Saber projetar. Saber sustentar. O que está em jogo é o futuro do Brasil como líder de um modelo produtivo ambientalmente responsável — e a Zona Franca de Manaus (ZFM), com sua indústria verde instalada no coração da floresta, é peça-chave nessa equação.

Afinal, não se trata apenas de dizer que fazemos ESG. Trata-se de mostrar que levamos a sério. Que não estamos brincando de fazer sustentabilidade fabril. Os compromissos assumidos nesse momento histórico dirão muito sobre o que levaremos à COP 30, em Belém, no fim do ano.
A pergunta é inevitável: estaremos prontos para desembarcar na capital paraense com um plano robusto de valorização da nossa bioeconomia, da nossa indústria de baixa emissão, da nossa capacidade de inovar com a floresta em pé? Ou levaremos na bagagem a contradição de ter autorizado a exploração de petróleo na foz do maior e mais sensível rio do planeta?
Não há espaço para meias verdades. Ou a Zona Franca de Manaus será o laboratório de um novo pacto entre economia e natureza, ou perderemos o bonde da história. É hora de fazer do diferencial competitivo ZFM + ESG uma realidade palpável, mensurável e exportável. Para isso, precisamos de compromisso. De estratégia. De investimento. E, sobretudo, de coerência.
A floresta já dá sua contribuição silenciosa ao planeta. Cabe a nós, agora, dar voz e vez à inteligência estratégica que ela representa.

Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora