Pesquisador do Inpe, Yosio Shimabukuro foi pioneiro no uso de imagens de satélites para monitorar e combater o desmatamento na Amazônia, deixando um legado importante para a ciência e as políticas ambientais brasileiras.
O Brasil perdeu, no dia 12 de agosto, um dos maiores nomes da ciência aplicada à proteção da Amazônia. Aos 75 anos, faleceu Yosio Edemir Shimabukuro, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pioneiro no uso de imagens de satélite para monitorar o desmatamento.

Engenheiro florestal, mestre em sensoriamento remoto e PhD em ciências florestais, Shimabukuro atuou por mais de cinco décadas no Inpe. Ele foi responsável por criar e aprimorar metodologias que estruturam o monitoramento da Amazônia, como os programas Prodes e Deter, fundamentais para acompanhar a perda de cobertura vegetal e apoiar ações de fiscalização em campo realizadas por órgãos como Ibama e ICMBio.

Entre suas contribuições, destaca-se o modelo linear de mistura espectral, desenvolvido em seu doutorado, que permite identificar a proporção de vegetação, sombra e solo em cada pixel de uma imagem. A técnica revolucionou a forma de monitorar florestas tropicais e deu base científica para a análise rápida de alterações ambientais.
Além da pesquisa, Yosio formou gerações de especialistas como professor do curso de pós-graduação do Inpe. Sob sua orientação, a bióloga Liana Anderson desenvolveu estudos que dariam origem ao Deter, sistema que emite alertas diários de desmatamento e é essencial no combate à devastação.
Colegas e ex-alunos destacam sua generosidade, humildade e dedicação à ciência. Para Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe, Shimabukuro foi “um dos grandes nomes da pesquisa em sensoriamento remoto no Brasil”, seu legado continua na tecnologia que sustenta a política ambiental brasileira e na formação de pesquisadores que seguem com a missão de proteger a Amazônia.
