Em desenvolvimento pela Mercedes-Benz desde 2014, os benefícios da tinta solar incluem aumento da autonomia do veículo e sustentabilidade
No futuro, seu veículo elétrico poderá ser coberto por painéis solares — não apenas no teto, mas em toda a parte externa do carro — graças a um revestimento especial de pintura. Trabalhando para tornar essa tecnologia uma realidade, a montadora Mercedes-Benz está em fase de desenvolvimento de uma tinta solar que cobre toda a superfície externa do carro, permitindo que ele gere energia a partir da luz solar. Segundo Jochen Schmid, gerente sênior da Future Electric Drive, em matéria do portal Fast Company, essa tecnologia tem um grande potencial, considerando o crescimento previsto do mercado de veículos elétricos nos próximos anos. A inovação poderia transformar carros em verdadeiras usinas móveis de geração solar, aumentando sua autonomia e sustentabilidade.
“Estamos produzindo centenas de carros por dia, e isso representa uma grande área de superfície. Então, por que não usar essa superfície para captar energia solar?”, diz Schmid.
O material é fotovoltaico e em forma de pasta, composto por múltiplas camadas: condutor, isolamento, material fotossensível e uma camada superior colorida. Este revestimento ultrafino, com apenas 5 micrômetros de espessura (comparado aos 100 micrômetros de um fio de cabelo humano) e peso de 50 gramas por metro quadrado, pode ser aplicado na parte externa do carro. Ele se conecta por fios a um conversor de energia próximo à bateria, alimentando-a diretamente tanto com o veículo em movimento quanto estacionado.
Em paralelo, a montadora também pesquisa soluções para tornar o reparo da “tinta solar” simples e acessível, permitindo consertar danos como arranhões com facilidade.
Atributos e diferenciais
O material fotovoltaico em desenvolvimento pela Mercedes-Benz se destaca por sua flexibilidade, permitindo que se ajuste a curvas e superfícies complexas, como as rodas dos veículos, ao contrário dos painéis solares de vidro rígidos. Outra vantagem é sua composição livre de metais raros, silício ou materiais tóxicos, facilitando o processo de reciclagem e reduzindo seus impactos no meio ambiente. Além disso, a capacidade de carregamento autônomo reduziria a dependência de infraestrutura de carregamento, o que poderia acelerar a adoção de carros elétricos em larga escala e colaborar, consequentemente, com a redução nas emissões de gases de efeito estufa.
A montadora pesquisa o material há pelo menos dez anos, e, recentemente, apresentou um protótipo da tinta solar em um evento de pesquisa e desenvolvimento na Alemanha. Ainda assim, a realidade de um revestimento solar em seu veículo elétrico está a anos de distância, e a Mercedes não possui previsão de quando isso estará disponível em seus modelos.
No entanto, a empresa está confiante de que alcançará esse objetivo e poderá torná-la viável e economicamente acessível. “Nós acreditamos firmemente nisso”, afirma Schmid, “caso contrário, não estaríamos explorando essa ideia.”