Solidariedade: navegar é preciso

Como é recompensador fazer o bem! Como também é dramático ver crianças tão carentes de cuidados, tantas mulheres que precisam de orientações, idosos cansados de esperar por melhores condições de vida. Pessoas que clamam por serem vistas e atendidas por suas necessidades tão elementares, por seus direitos básicos tão espoliados.

Régia Moreira Leite
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Todo brasileiro que alimenta a curiosidade/desejo de experimentar a Amazônia precisaria ter feito parte dessa missão Solidariedade neste fim-de-semana. Navegando as águas escuras do Rio Negro, um dos mais formosos da Terra, na direção do Rio Amazonas, o mais arrojado e maior de todos, iniciamos a missão solidária para os barrados do baile dos bacanas. Deparar-se com o Encontro das Águas, dos Rios Negro e Solimões, onde se forma o Rio das Amazonas, já seria suficiente para uma conversão radical, dessas que fazem a felicidade de qualquer apóstolo.

O país das águas, do Encontro das águas e da luz, inspira encontrar pessoas, mesmo que sejam sofridas, como as que fomos encontrar, e constatar que elas não perdem a ternura, a simplicidade e o vigor de um belo sorriso sincero. O objetivo era levar alimentos – a proteína na Amazônia é afogada nas enchentes, e somente agora, e aos poucos, voltar a aparecer. Mal sabíamos que, ao voltar, mais do que ajudar fomos ajudados. Há uma adrenalina que nos revitaliza quando entramos em movimento de proporcionar o bem as pessoas. O resultado se estampa em nosso sorriso e o que a gente ganha não há ouro que pague nem narrativa capaz de descrever.

É incrível a sensação de acolher as pessoas quando chegam em busca de serem ouvidas. Elas querem não apenas suprir suas necessidades básicas como alimentar-se, ou conquistar a façanha de um atendimento médico. Querem, principalmente, ser tratadas com dignidade. Nada pedimos, muito menos prometemos nas horas de convivência. Promessas lhes são repetidas desde sempre. Isso não é justo nem decente.

Nossa recompensa, entretanto, já se ensaia em cada olhar, no sorriso de uma criança, ao receber um kit escolar, feito com esmero porque imaginávamos ao fazer a alegria que iria causar. Mas o que não imaginávamos era a ternura dos depoimentos de agradecimentos das tanta gente, irradiando brilho, carinho e luz. As mães, manuseando nos fardos de alimentos, na alegria imaginar os filhos se alimentarem. E os filhos, irradiantes com o presente de incentivos para estudar.

Como é recompensador fazer o bem! Como também é dramático ver crianças tão carentes de cuidados, tantas mulheres que precisam de orientações, idosos cansados de esperar por melhores condições de vida. Pessoas que clamam por serem vistas e atendidas por suas necessidades tão elementares, por seus direitos básicos tão espoliados.

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E não se trata de doar coisas. O segredo da vida é doar a si próprio nas ações solidárias. É isso que nos proporciona bem-estar, que gera emoções de Felicidade, atrelada à Generosidade, fortalece nossa espiritualidade, nossa Fé em Deus e nas Pessoas.

Por isso, em nome das entidades da indústria que promovem este precioso programa de Ação Social Integrada, damos os parabéns a todos os envolvidos voluntariamente nesta jornada, suas múltiplas e indescritíveis experiência, ganhos existenciais profundos, oportunidades únicas de rever nossa trajetória e o lugar que o sofrimento humano nela tem ocupado. Agradecemos a cessão do Barco Sumaúma, cedido pelo Sistema S, através da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas. E o amparo constante das demais entidades: CIEAM, ABRACICLO e. ELETROS. E agradecemos o povo do Careiro da Várzea, onde vivem 650 famílias empobrecidas, com suas crianças que nem suspeitam do bem que nos proporcionaram. A batalha continua e nós podemos e iremos fazer muito mais, porque a jornada é longa e navegar é preciso.

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Régia Moreira Leite é economista, empresária, conselheira do CIEAM e diretora da FIEAM – Momento de preparação dos itens para a comunidade do Careiro da Várzea – foto: Fabíola Abess
Redação BAA
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Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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