Retomada da BR-319 pode intensificar desmatamento na Amazônia

As obras ainda não começaram, mas o anúncio da pretensão do governo Bolsonaro em retomar a pavimentação da BR-319 já foi o suficiente para que o ritmo de desmatamento no entorno da rodovia aumentasse nos últimos tempos. No Mongabay, Jennifer Ann Thomas destacou dados de um estudo recente de pesquisadores do INPE e da Universidade do Kansas (EUA) que indicam um aumento de 25% na derrubada de área verde entre julho e setembro de 2020 (16,4 km2) na comparação com o mesmo período nos anos anteriores. De acordo com o trabalho, cerca de 90% da zona de influência direta da BR-319 é composta por floresta intacta no interior da Amazônia, uma área que ficará mais exposta ao desmatamento caso a pavimentação saia do papel.

Construída na ditadura militar, a BR-319 conecta Manaus (AM) a Porto Velho (RO), sendo a única rodovia que liga a capital amazonense ao resto do Brasil, mas anos de abandono tornaram a estrada inutilizável. Em julho de 2020, o governo publicou o edital de licitação do 1º trecho, de 52 km na parte intermediária da rodovia (lote Charlie). O contrato foi assinado em dezembro, mas as obras foram suspensas em março passado após ação do Ministério Público Federal (MPF) questionando a não realização de estudo de impacto ambiental. Para o governo federal, como se trata de uma “reforma”, a obra seria isenta dessa exigência.

Em tempo: A Polícia Federal estaria insatisfeita com a atuação do Exército em operações de combate ao garimpo ilegal na Amazônia, de acordo com Bela Megale n’O Globo. Na semana passada, um helicóptero do Exército que deveria dar suporte à Operação Omama, que tinha como objetivo expulsar garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, não saiu do chão por problemas técnicos e não foi substituído. Como resultado, o trabalho ficou comprometido e boa parte dos garimpeiros conseguiu escapar. Para alguns delegados da PF, a conduta dos militares representa um “boicote” às ações de fiscalização e monitoramento ambiental, que dificilmente acontece sem o conhecimento do comando das Forças Armadas.

Fonte: ClimaInfo

Redação BAA
Redação BAA
Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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