“Grande parte do transporte será descarbonizado e as emissões reduzirão cerca de 40% até meados do século. Mas até então a contribuição relativa do transporte para as emissões globais terá aumentado para um terço, o que implica que o setor precisa enfrentar a descarbonização com um senso de urgência muito maior”
Relatório da DNV lançado esta semana mostra que a participação do transporte – dos caminhões aos aviões e navios – nas emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) deve crescer de 25% hoje para 30% até 2050.
Nas próximas três décadas, a frota global de veículos crescerá de 1,2 bilhão para 2 bilhões de veículos, os voos de passageiros em 130% e as toneladas-milhas de carga no mar aumentarão 35%.
Acomodar esse crescimento enquanto reduzimos as emissões é o grande desafio e demanda um senso de urgência maior, observa Remi Eriksen, CEO da DNV, empresa que fornece serviços para vários setores, incluindo marítimo, petróleo e gás, energia renovável e eletrificação.
“Grande parte do transporte será descarbonizado e as emissões reduzirão cerca de 40% até meados do século. Mas até então a contribuição relativa do transporte para as emissões globais terá aumentado para um terço, o que implica que o setor precisa enfrentar a descarbonização com um senso de urgência muito maior”, explica Eriksen.
Eficiência é uma palavra-chave
Apesar do aumento de fluxo de caminhões, aviões e navios, o avanço da demanda geral de energia para o segmento é estimado em 114 EJ/ano em 2050, ante 105 EJ/ano em 2020. O cálculo considera as eficiências associadas à eletrificação do transporte rodoviário.
Por outro lado, uma das dificuldades apontadas no estudo é que uma parte significativa do transporte continuará dependente de combustíveis fósseis, embora a eletrificação prometa alcançar 78% do modal rodoviário até 2050.
E o que antes parecia quase impossível deve começar a ganhar mercado: a DNV aponta que em 2050, 2% da aviação e 4% do transporte marítimo pode estar eletrificada.
“Políticas nacionais de transporte com visão de futuro são essenciais para a competitividade regional e nacional em um mundo descarbonizado e cada vez mais conectado”, defende a DNV.
Para o grupo, o caminho para a descarbonização é claro: eletrificar o que pode ser eletrificado; abastecer o restante com biocombustíveis avançados sustentáveis, como biometano, diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês).
E prepare-se para novos combustíveis baseados em hidrogênio a partir de 2035.
No caso do hidrogênio, a expectativa é de uma escalada na demanda para produção dos eletrocombustíveis, como o e-metanol para a navegação, a partir de meados da década de 2030.
A princípio, a geração de energia renovável – solar e eólica, principalmente –, deverá ser priorizada para uso direto de eletricidade no curto prazo até que haja excedente suficiente para a produção de hidrogênio em escala.
Mas até 2050, o uso de e-combustíveis deve alcançar 13% de participação no mix de combustível de aviação, e até 50% no setor marítimo, onde as alternativas de descarbonização para longa distância são limitadas.
“O que eletrifica será mais barato, mas o hidrogênio e os biocombustíveis sustentáveis não podem competir em custo com o petróleo e, portanto, precisam de diferentes alavancas políticas para escalar”, defende o relatório.
Fonte: EPBR
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